O presidente da República Jair Bolsonaro quer o fim dos radares móveis em operação nas rodovias federais do País. Ele os considera instrumento de uma “máfia de multas” que gera milhões em recursos para os cofres públicos. Ele garantiu que já a partir da semana que vem, os radares estarão desativados. Sua decisão foi anunciada na manhã de segunda-feira, 12, durante a cerimônia de liberação de um trecho de 47 quilômetros de duplicação da BR-116 na cidade de Pelotas, interior do Rio Grande do Sul.
A ideia agradou os caminhoneiros, principais usuários das estradas e, também, principais “vítimas” dos radares. No Acre, a reportagem constatou o apoio dos profissionais estradeiros, que sugerem serem “desonestos” os artifícios usados pelos patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para multarem os caminhoneiros. São esses os policiais encarregados da fiscalização das rodovias federais em todo o País.
O caminhoneiro Sebastião Alves da Silva, conhecido como Irmão Ceará, disse dar total apoio à decisão de Bolsonaro. Ele é morador do município de Senador Guiomard, mas atua com seu caminhão tipo baú em Rio Branco, assim como faz frete para outros Estado. Disse já ter levados multas de radares móveis que se encontravam “escondidos” em pontos estratégicos das estradas.
“Já teve vezes que chegaram multas em minha casa registradas em lugares que sequer passei”, alega Ceará. “Pra mim é uma satisfação muito grande saber que esse nosso presidente vai acabar com esses radares”, completa.
Antônio Alves de Oliveira é outro caminhoneiro acreano que defende o fim dos radares. Ele, no entanto, vai além do que sugere Bolsonaro e sugere que todos, inclusive os fixos e os instalados em vias urbanas sejam colocados fora de operação.
“Tem que tirar tudo mesmo. Isso é uma máfia de multa”, alega Antônio. “Eu já fui multado várias vezes por esses pardaizinhos que eles colocam em pontos estratégicos, em locais escondidos. Aqueles que são os piores porque falta sinalização”, reclama.
Frank Pimentel, que também trabalha em Rio Branco com caminhão baú, considera que radares, inclusive do tipo móvel, são importantes, mas apenas nas cidades ou nas proximidades delas.
“Tem pontos urbanos as pessoas querem atravessar, mas o fluxo e a velocidade dos veículos é tão grande que impossibilita isso. Com os radares, os carros e caminhões reduzem a velocidade, facilitando a travessia”, justifica Pimentel. “Têm muitos outros lugares nas estradas que não necessita de radar, mas eles estão lá. Eu acho que tem que ter um estudo para definir isso melhor”, sugere.
O caminhoneiro Fávaro Benedetti, de Santa Catarina, concorda com Frank quando se trata de radares nas proximidades de cidades e alega a necessidade de segurança para os pedestres em regiões muito habitadas e com grande fluxo de veículos.
“Já os radares nas rodovias, acredito que são só uma forma de extorquir dinheiro da gente que está trabalhando. Às vezes a gente se depara com trechos bons, inclusive estradas de chão, mas quando olha, tem uma placa de 40 por hora e eles [patrulheiros rodoviários] lá, esperando a gente pra multar”, disse Fávaro.
Claudionor Soares, natural de Mato Grosso, faz carreto para uma loja de móveis e eletrodomésticos da cidade. Igual aos demais, ele considera os radares móveis como uma indústria de multas que provoca grande prejuízo para o bolso dos profissionais caminhoneiros.
“Eu concordo com o presidente, sim! Têm pistas por aí duplicadas onde é possível transitar com mais velocidade, mas os caras colocam placas e radares permitindo apenas 60 quilômetros por hora. Isso é uma vergonha. O pior é que eles ficam escondidos para ferrar com a gente”, disse Claudionor.