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Em audiência na Câmara, ministro do Meio Ambiente bate boca e sai escoltado

Por O GLOBO

A ida do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , a uma audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira acabou em bate-boca com ele e deputados ruralistas de um lado, e parlamentares de oposição do outro. Em meio à confusão, até o nome do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT) foi mencionado. A sessão foi encerrada e Salles teve de deixar o plenário onde a reunião acontecia escoltado por seguranças da Câmara.

Salles participava de uma audiência da Comissão de Integração Regional e Desenvolvimento Regional da Amazônia da Câmara dos Deputados. Foi a primeira ida dele à Casa depois da polêmica substituição do ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão.

A troca dele pelo militar Darcton Policarpo Damião aconteceu depois de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticar a divulgação de dados sobre o desmatamento feita pelo órgão. A substituição gerou críticas de ambientalistas e organizações não-governamentais.

Durante a audiência, Salles foi criticado pela substituição de Galvão e por sua proximidade com setores como o madereiro e agropecuário, tidos como os vilões do desmatamento na Amazônia.

No fim da audiência, o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) comparou Salles aos bandeirantes que, durante o período colonial, viajavam ao interior do país caçando índios e explorando as riquezas naturais do Brasil.

Tatto disse que Salles era o “melhor ministro da Agricultura no ministério do Meio Ambiente e ainda chamou Salles de “office boy” de um modelo de desenvolvimento contrário à preservação da natureza.

— O senhor é o ‘office boy’ desse modelo de desenvolvimento que quer destruir os recursos naturais e comprometer a vida no futuro. O senhor só não se parece fisicamente com Borba Gato, Fernão Dias e Domingos Jorge Velho, mas a ação que o senhor faz é do novo bandeirantismo que vai lá cooptar, matar, que vai cooptar uma liderança indígena em detrimento da organização daquele povo. E se não cooptar, faz como se faz e como sempre se fez: mata — disse Tatto.

A declaração do deputado causou reação entre parlamentares da bancada ruralista que acompanhavam a sessão e davam suporte a Salles ao longo da audiência.

Ministro rebate com caso Celso Daniel

Ao retomar a palavra, Salles partiu para o ataque e fez menção ao assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), em 2002.

— Eu não sou office boy de coisa nenhuma. Quem deve saber muito bem de matar gente em razão de coisas é o pessoal está envolvido lá no assunto Celso Daniel. Não admito que o senhor me trate desse jeito — disse Salles.

A declaração do ministro foi seguida por aplausos de ruralistas e vaias dos parlamentares da oposição. O ministro ainda tentou continuar a sua fala, mas os parlamentares gritavam e abafavam o som do que Salles dizia.

Em meio à confusão, o presidente da comissão, Átila Lins (PP-AM) encerrou a audiência alegando o início da ordem do dia no Plenário da Câmara. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenta finalizar a votação da Reforma da Previdência.

Com o fim da audiência, parlamentares de oposição e ruralistas trocaram ofensas. Enquanto oposicionistas gritavam a palavra “fujão” para Salles, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira (MDB-RS), rebatia.

— Tua mãe! Tua mãe!

Salles deverá participar de uma outra audiência ainda nesta quarta-feira, desta vez no Senado.

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