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Neta diz que Samu e Unacon negaram atendimento a avô com câncer: “É inadmissível”

Por EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET

Foto: Ilustração

A técnica de enfermagem Kézia de Souza Alencar, de  22 anos, procurou a reportagem do ContilNet nesta quarta-feira (21) para fazer uma denúncia contra um suposto descaso com a saúde de seu avô que está internado no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), após ser encaminhado pela equipe do Hospital do Câncer do Acre (Unacon).

De acordo com Kézia, tudo começou quando o seu avô, Hugo Alves de Souza, 84 anos, que foi diagnosticado há 3 anos com câncer de pele e é paciente do Unacon, entrou em crise de insuficiência respiratória no último dia 11 de agosto. Ao ligar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no intuito de que o idoso fosse levado para o centro de tratamento, a neta foi informada que não seria possível a busca, pois as viaturas estavam todas nas ruas da Capital.

“Negaram o atendimento, pois disseram que não havia carro. Conseguimos um perto de casa para levar o meu avô até o Unacon, mas, chegando lá, nos disseram que ele não seria atendido, pois não restavam vagas no local para internação. Aquela situação me deixou sem saber o que fazer”, explicou.

Ao questionar a atendente, Kézia disse que a profissional, sem mesmo aferir a pressão do seu avô ou perguntar algo sobre os sintomas, negou que o quadro tivesse qualquer relação com o câncer e, por isso, ela deveria procurar o Huerb.

Idoso está há 11 dias no Huerb/Foto: arquivo pessoal

“Saí de lá desnorteada com o meu avô, que estava passando mal. Uma pessoa que trabalha lá me disse, em segredo, que na verdade não tinha médico para atender”, comentou.

Chegando ao hospital com o avô, que foi encaminhado no carro de uma pessoa vizinha para o local, Kézia disse que o avô foi levado para uma sala de observação, onde se encontra até hoje em um dos leitos, há 11 dias.

Levando em consideração o quadro de insuficiência, a equipe médica decidiu colocar no paciente uma sonda nosogástrica para administrar medicamentos e alimentos.

“Colocaram uma sonda, mas não atenderam bem o meu avô, negaram atendimento básico e apenas uma médica foi lhe atender durante todos esses dias. Nos outros, apenas os residentes iam até lá”, continuou.

A reclamante explicou ainda que devido à autorização para apenas uma pessoa ficar como acompanhante no leito, algumas dificuldades foram encontradas. Nas vezes em que pediu ajuda das enfermeiras para levantar o seu avô da cama, já que ele não se locomovia, teve sua solicitação negada.

“Eu chamei várias vezes só pra me ajudarem a levantá-lo, mas elas me diziam que aquilo não era papel de nenhuma delas. Meu avô precisou de curativos, pois estava com feridas expostas, e elas se negaram a fazer, também afirmando que aquilo não era do trabalho do enfermeiro, mas sim da família”, disse.

Na noite desta terça-feira (20), a acompanhante disse que um dos tubos entupiu, dificultando a respiração do avô, mas ao alertar a equipe, mais uma vez foi informada que nada poderia ser feito pelos  enfermeiros. Apenas o médico poderia atuar.

“Outra vez eu me vi sem saber o que fazer e me desesperei. Disse a eles que ligaria para todos os jornais e iria fazer uma denúncia sobre esse descaso. É inadmissível. Que saúde é essa?”, questionou.

A nossa reportagem procurou a Secretaria de Saúde do Estado (Sesacre) para esclarecer o caso, e foi informada que não houve por parte da equipe técnica qualquer comportamento agressivo contra o paciente e a sua acompanhante, mas que o caso está sendo acompanhado pelos profissionais.

Confira a nota na íntegra:

Consultada, a médica Janeila Andrade, diretora Clínica do Pronto-Socorro, explica:

“O paciente Hugo Alves de Souza, de 84 anos, faz tratamento para câncer de pele no Unacon há três anos. Evoluiu com síncope, foi para o atendimento do Unacon, e de lá foi transferido para o Pronto-Socorro por superlotação no serviço. Está internado na enfermaria de observação de adultos há 11 dias por falta de vaga para transferência. Também tem diagnóstico de cirrose hepática decorrente de etilismo, pneumonia e  anemia,  porém está tendo os cuidados necessários tanto de médicos como de enfermagem. Ele evolui com sonolência, letargia, respira bem em ar ambiente, porém tem tosse produtiva. Tem dificuldade de resposta verbal, não tem febre e está aceitando bem alimentação por sonda nasogástrica. Nesta quarta-feira (21) fará radiografia de tórax, tomografia de crânio e exames de rotina para reavaliação. O estado do paciente é grave pela patologia base e está em tratamento paliativo.”

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