Em 17 de novembro do ano passado, o missionário cristão americano John Allen Chau foi morto ao tentar evangelizar uma tribo que vive isolada na ilha Sentinela do Norte, no arquipélago de Andaman e Nicobar, no Oceano Índico. Ele foi flechado por aborígenes que rechaçam qualquer contato com o mundo exterior.
Nove meses depois, o corpo de John Allen ainda não foi recuperado na remota região, a cerca de mil quilômetros do litoral da Índia, a quem ela pertence.
No ano passado, o governo indiano enviou uma unidade de polícia a Sentinela do Norte a fim de recuperar o corpo, mas os agentes pararam o barco a cerca de 400 metros da costa. De binóculos, viram o que os esperava na praia: aborígenes armados com arcos e flechas, da mesma forma que receberam o missionário. Antropólogos também não avançaram. Sentinela do Norte era conhecida por John Allen como o “último bastião de Satã na Terra”.
“Meu nome é John, eu os amo e Jesus os ama!”, gritou ele ao se aproximar dos sentineleses pela primeira vez.
Pescadores locais que ajudaram Chau a chegar à ilha dizem que testemunharam membros da tribo enterrarem o jovem na praia. A polícia tem “uma ideia” da área onde ele pode estar enterrado.
Estima-se que existam apenas entre 50 e 150 pessoas em Sentinela do Norte, proibida para visitas devido ao risco de contaminação com doenças estrangeiras. Sem imunidade, qualquer vírus pode matar toda a tribo, o que torna praticamente impossível uma missão de resgate do corpo de John Allen.
Outro aspecto aparentemente sem solução é a judicial. Os aborígenes não podem ser indiciados, já que são inimputáveis segundo as leis locais. Mas o caso não foi fechado oficialmente.
“O caso de assassinato continua aberto, embora sem progressos. Mantemos contato com antropólogos e psicólogos”, disse ao “El País” Dependra Pathak, chefe de polícia de Andaman e Nicobar.
Sete pessoas foram presas por ajudar o missionário, cinco pescadores, um amigo dele e um guia turístico local.