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A estratégia da Disney para dominar o streaming e derrubar a Netflix

Por UOL

Campeã absoluta de bilheteria nos cinemas, com cinco filmes que passaram do US$ 1 bilhão só neste ano, a Disney se prepara agora para uma nova ofensiva: a dos streamings. Prestes a lançar sua plataforma própria, o Disney+, a gigante do entretenimento entra — para ganhar — em uma batalha com a Netflix, o Amazon Prime Video e os futuros serviços da Warner e da Apple. Em seu arsenal, estão algumas das marcas mais conhecidas da cultura pop, como Marvel e Star Wars, e um vasto acervo de conteúdo oriundo da aquisição da 21st Century Fox.

Goste ou não, a Disney promete balançar fundamentalmente o cenário do streaming. A empresa já deu uma amostra do que está por vir durante a D23 Expo, que o UOL acompanhou de perto. A seguir, delineamos a estratégia da empresa para se firmar no setor e bater a concorrência, de olho principalmente na Netflix.

Por anos, a Disney licenciou seus filmes e séries para outros serviços, incluindo aí a própria Netflix, onde hoje podem ser encontrados títulos como Thor, Frozen e Divertidamente. Isso vai mudar. Em seu primeiro ano de funcionamento, o Disney+ passará a ser o lar das produções feitas sob as maiores marcas da Disney — Marvel Studios, LucasFilm, Pixar e National Geographic —, bem como o das produções clássicas da empresa, onde se encaixam as animações e filmes como Mary Poppins e Abracadabra. É lá, ainda, onde você poderá assistir às 30 temporadas de Os Simpsons, uma das grandes marcas da Fox.

Isso significa que as produções Disney disponíveis na Netflix e na Amazon devem deixar as plataformas assim que os acordos de licenciamento expirarem, tornando-se exclusivas do Disney+. Conteúdos recentes, como Vingadores: Ultimato e o ainda inédito Star Wars: A Ascensão Skywalker, irão direto para o streaming da companhia.

“Estamos completamente em controle do nosso destino agora”, resumiu Kevin Mayer, presidente da divisão de Direct-To-Consumer e International da The Walt Disney Company, em conversa com jornalistas. “Agora temos conteúdo suficiente e plena capacidade para depender apenas de nós mesmos. Ser estrategicamente independente é uma ótima posição para se estar. Temos a escala para não depender de ninguém mais além de nós”.

Disney+: o streaming dos blockbusters

Com todas essas produções, o Disney+ terá um catálogo atrativo, convertendo-se na verdadeira casa dos blockbusters. Filmes do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU)? Estarão todos lá. Rei Leão (em animação e live-action?) Lá também. As três trilogias de Star Wars? Também. Toy Story? Igualmente.

A plataforma, no entanto, não vai viver apenas do que for lançado nos cinemas ou nos canais de TV da Disney. Há várias produções originais em desenvolvimento, incluindo oito séries da Marvel, como WandaVision e Loki, que serão “completamente entrelaçadas” com os filmes, de acordo com Kevin Feige, o todo-poderoso do MCU. Já a franquia Star Wars ganhará novas adições com a série The Mandalorian, que estreia no dia 12 de novembro, e com os spin-offs de Obi Wan-Kenobi e Cassian Andor (o personagem de Diego Luna em Rogue One). Seus episódios serão exibidos semanalmente, ao contrário do que a concorrência faz.

O Disney+ estreará nos Estados Unidos já com várias produções próprias que servirão de chamariz: além de The Mandalorian, também serão disponibilizados a versão live-action de A Dama e o Vagabundo; a série continuação de High School Musical; a série de curtas Forky Asks a Question, protagonizada por Garfinho, de Toy Story 4; a série The World According to Jeff Goldblum, estrelada pelo astro de Jurassic Park; o filme natalino Noelle, com Anna Kendrick como a irmã do Papai Noel; e Encore, um reality apresentado por Kirsten Bell que colocará pessoas para reencenarem peças que apresentaram no colégio.

A plataforma ainda apostará em produções locais, feitas nos demais países em que irá operar. Isso vale, inclusive, para a América Latina, onde o Disney+ vai desembarcar já com produções feitas localmente em 2020. A empresa não confirma se alguma delas será brasileira – mas é bem provável, visto que o Brasil é o maior mercado da região.

Só há dois pré-requisitos para uma série ou um filme estar no Disney+: se encaixar em alguma das grandes marcas da Disney e ser “family friendly”, ou seja, para toda a família. “Não significa que seja para crianças, mas que seja apropriado para famílias, mesmo as que tenham muitos adultos”, explicou Mayer. E os filmes e as séries para maiores? Aí já é outra história…

Tríade com Hulu e ESPN

Nos Estados Unidos, o Disney+ formará uma tríade com outros dois serviços de streaming da Disney: o Hulu e o ESPN+. A companhia se tornou a acionista majoritária do primeiro quando comprou a 21st Century Fox, e agora tem uma plataforma em que pode transmitir conteúdos para o público adulto e/ou que não se encaixem em suas grandes marcas.

É para lá que irão, por exemplo, séries como Pretty Little Liars e Shadowhunters, produzidas pelas Freeform, o canal “millenial” da Disney na TV americana. O conteúdo da Fox também deve ser abrigado no serviço, que já é o lar das produções do canal FX, como American Horror Story. Existe, segundo Mayer, a possibilidade de uma expansão internacional do Hulu, que por enquanto está disponível apenas nos EUA.

O ESPN+, por sua vez, irá suprir a demanda por conteúdo esportivo, com transmissões de jogos ao vivo.

Preços competitivos

A assinatura do Disney+ nos Estados Unidos custará US$ 6,99, contra US$ 8,99 do plano mais barato da Netflix no país. E o serviço da Disney promete entregar mais do que a concorrência: segundo a empresa, todos os assinantes receberão imagens em 4K Ultra HD e poderão usar quatro telas simultâneas. O plano básico da Netflix, com contrapartida, permite apenas uma tela por vez, e não tem HD disponível.

Já o pacote triplo, com Disney+, Hulu e ESPN+ custará US$ 12,99.

Ainda não há previsão de valores do Disney+ para o Brasil. Por aqui, o plano básico da Netflix custa R$ 21,90.

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