19 de abril de 2024

Acreano está há 35 anos sem comer carne ou qualquer proteína de origem animal

A depender dele, os açougues estavam todos quebrados. As churrascarias, mesmo aquelas dos pratos mais apetitosos e do churrasco mais saborosos, também teriam ido à falência. Uma caldeirada de galinha caipira ou mesmo uma cuia de tacacá com camarão, nem pensar! Aos 54 anos de idade, pesando em torno de 55 quilos, o acreano Raimundo Lustosa Leão, natural de Rio Branco, está comemorando 35anos sem comer carne ou qualquer derivado de proteína animal, nem mesmo leite ou chocolate (que leva leite e manteiga).

“Minha barriga não é cemitério de qualquer animal há 35 anos”, escreveu aos amigos, para comemorar a data. Sua dieta é rigorosamente à base frutas e legumes. Carne, só se for de soja. Também não bebe álcool nem fuma e diz que é saudável que por isso esperar chegar a pelo menos cem anos de idade e que nunca adoeceu.

Trata-se de um autêntico vegano, como são chamados os praticantes do chamado “veganismo”, que é algo muito além de uma dieta alimentar. Os veganos fazem parte de um movimento mundial de pessoas que vão além da dieta vegetariana — são aqueles que não consomem carnes, leite e derivados do leite, ovos e derivados do ovo, mel ou qualquer outro produto oriundo da exploração animal, caso de Lustosa Leão.

A última vez em que Lustosa comeu carne foi em 1984, em Manaus, quando estudava na Capital do Amazonas. Ao se transferir de um colégio tradicional para um outro de orientação adventista, percebeu que ali não havia consumo de carnes ou de outros produtos de origem animal e logo aderiu. Acabou por influenciar um irmão, que também virou vegetariano, e sua única filha, Rebeca, de 19 anos, só passou a consumir alguma proteína animal, como peixes, após o divórcio dos pais.

Sem comer carne há tanto tempo e praticante de treinos em academias, Lustosa diz que não sente a menor falta dos chamados aminoácidos, como biologicamente são chamadas as moléculas formadas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e alguns podem conter enxofre, necessários ao corpo humano. Os que podem ser produzidos pelo corpo, não são essenciais, e os necessários devem ser obtidos por alimentos como como carne bovina, de porco, frango, além de peixes como salmão, mero, atum e sardinha – todos ricos em isoleucina, valina, leucina, fenilalanina, treonina, metionina, histidina e lisina, que são considerados os “tijolos” com os quais são construídas as proteínas, ensinam biólogos e nutricionistas.

Lustosa Leão diz que não precisa de nada disso para viver e chega a questionar a ideia da medicina e da biologia segundo as quais o organismo humano carece dos aminoácidos de origem animal. E questiona essa ideia partindo até da dentição animal. Segundo ele, se fosse para comer carne, o ser humano havia nascido com presas caninas, como ocorre com animais carnívoros, como a onça, o leão, o tigre e até mesmo os cães domésticos.

Para defender suas ideias de que o homem não nasceu para se alimentar de seres vivos, Lustosa Leão recorre até mesmo à literatura internacional e cita uma escritora norte-americana, Ellen White, como a autora de um estudo segundo o qual a origem dos diversos tipos de câncer que atingem a humanidade têm no consumo de carnes. “É tão difícil largar a carne como é ao ébrio deixe o álcool”, diz Lustosa, citando diz a escritora, a qual também defende que “devemos comer mais cereais, que evitam doenças cardiovascular, câncer, diabetes”.

O vegano diz que, prestes a completar 55 anos de idade, nunca ficou doente, porque aprendeu a cuidar do corpo e da saúde e diz que não comer carne também ajuda o meio ambiente. “O açúcar é um veneno tão poderoso que, para poder ser consumido, precisa ser doce”, disse.

O Estado do Rio Grande do Sul, onde é alto o consumo de carne, principalmente por causa da tradição do churrasco, é um dos que lideram as taxas de câncer no Brasil, cita Lustosa como exemplo. “É só comparar o consumo de carne com os índices de câncer entre os gaúchos”, afirmou.

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