Ambientalistas fazem levantamentos sobre fogo na Amazônia, em Xapuri

A “Brigada Amazônia”, que reúne um grupo de ambientalistas, inclusive indígenas, iniciou nesta segunda-feira (16), pela região de Xapuri, o que chamou de “Rota Chico Mendes”, uma expedição pela região amazônica onde foram registrados focos de incêndios nos últimos dois meses. Trata-se de um trabalho de documentação e registro para denunciar os estragos do fogo e as consequências desastrosas da política ambiental criminosa impetrada pelo atual governo, disse um dos organizadores.

As informações, inclusive com o registro de imagens, sobre o que for levantado, será divulgado no portal Imprensa Ninja –um site de notícias mantido através de redes sociais da Internet por doações de pessoas anônimas. A ideia é que a chamada expedição visite todos os locais onde ocorreram grandes incêndios no Acre, até o próximo dia 20 de setembro.

A informação foi dada em Rio Branco por um dos líderes da chamada “Brigada Amazônia”, o cacique do povo indígena da etnia Ashaninka, Francisco Pianko, cujo povo vive às margens do rio Amônia, município de Marechal Thaumaturgo, no Alto Juruá. “Não há lugar mais simbólico para iniciar a jornada pelas regiões de florestas incendiadas do que a terra natal de Chico Mendes, um dos maiores ambientalistas do Brasil e que teve sua memória e luta desrespeitadas pelo atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante sua entrevista no Roda Viva”, disse Pianko. O nome da rota faz uma homenagem ao líder seringueiro e trará também um pouco de sua luta, acrescentou o líder indígena.

Francisco Pianko/Foto: Reprodução

Criada para preservar a memória do líder sindical que deu a vida pela defesa da floresta, a Reserva Chico Mendes, uma área que vai de Sena Madureira a Epitaciolândia, com sua maior parte concentrada em Xapuri, liderou o ranking de queimadas no Acre em 2019, em áreas protegidas. Dados divulgados pelo governo, através da sala de situação, que conta com a participação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre, revelaram que as queimadas registradas nas áreas naturais protegidas do Acre, totalizam mais de 500 quilômetros quadrados de áreas devastadas. Em agosto e setembro, foram registrados 256 incêndios em 20 unidades monitoradas. O último boletim leva em consideração os registros de queimadas de 1º até 21 de agosto deste ano, que são de 2.158. O governador Gladson Cameli decretou situação de emergência.

As queimadas no mês de agosto concentram 85% do total registrado durante este ano – 2.533 focos. A análise indica maior ocorrência de queimadas nas áreas particulares, discriminadas e projetos de assentamento, sendo que as propriedades particulares lideram o ranking. Além disso, o estudo aponta ainda que, entre as áreas protegidas, a Reserva Extrativista Chico Mendes e do Alto Juruá lideram quando o assunto é queimada, com 99 e 48 registros, respectivamente.

Para os membro da “Brigada Amazônia”, mesmo com alguns esforços, como o governo do Estado, que recorreu inclusive às Forças Armadas para ajudar as brigadas de combate a incêndios no Acre, a região está em chamada. Para que o projeto tenha sucesso, é necessário, no entanto, alguns investimentos. A “Brigada Amazônia” está com uma “vakinha” aberta na Internete para financiamento coletivo. Os contatos, para doações, podem ser feitas pelo link.

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