Com baixa cobertura vacinal, MP reúne órgãos para tentar mudar cenário no Acre

Com a quantidade de crianças vacinadas caindo consecutivamente no Acre há cinco anos, o Ministério Público do Acre (MPAC) resolveu juntar forças com outros órgãos para tentar aumentar esses índices aqui no estado.

A parceria envolve o Estado, Prefeitura de Rio Branco, MPAC e o Conselhor Regional de Medicina (CRM).

De acordo com Renata Aparecida, gerente de imunização da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), essa queda se deve principalmente a uma falsa sensação de segurança criada a partir da inexistência, por um longo período, de casos de doenças que causam sequelas.

Segundo a gerente, o calendário vacinal brasileiro é considerado um dos mais completos do mundo, são 13 vacinas que protegem contra 18 doenças. Mesmo assim, a queda na imunização trouxe ao país um surto de sarampo em 2018, com mais de 10 mil casos registrados. Neste ano, já são quase 4 mil casos divididos por 18 estados. E apesar do Acre não ter registrado casos da doença, estados vizinhos como Amazonas e Rondônia tem casos confirmados e preocupam a Saúde.

Os dados foram apresentados no MPAC/Foto: ContilNet

Ainda de acordo com Aparecida, mesmo a vacina da BCG, que é dada ainda na maternidade está diminuindo a quantidade de crianças vacinadas. Essa queda preocupa, porque há riscos de doenças quase extintas voltarem a aparecer. Um exemplo é a poliomielite, que existe em apenas três países do mundo, e corre o risco de voltar para o Brasil caso alguém não imunizado visite um desses países e volte para o país portando a doença.

Para o titular da Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Saúde do MPAC, o promotor Glaucio Shiroma Oshiro, o único modo de reverter essa queda nas vacinas é com os órgãos juntando as mãos. Oshiro lembrou que o Brasil, por conta da vacinação, conseguiu vencer diversas doenças infectocontagiosas devido a eficácia das vacinas e não se pode colocar tudo a perder pela falta de procura pela imunização. “Quanto menos crianças vacinadas, o risco pra sociedade aumenta, e não só pra quem não se vacina”, afirmou o promotor.

Um exemplo das ações que já estão em andamento para aumentar a quantidade de crianças vacinadas é a obrigatoriedade da apresentação da carteira de vacina na matrícula de alunos da rede pública. Caso seja verificada alguma irregularidade o MP e o Conselho Tutelar serão acionados.

O secretário de Saúde municipal, Oteniel Almeida, que também esteve na coletiva, disse que a partir de 2020, caso a carteira de vacina não esteja completa, a própria escola vai disponibilizar as vacinas que faltam com autorização dos pais. Ainda de acordo com o secretário, as secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social da Prefeitura, terão os dados compartilhados entre elas para que as ações sejam conjuntas e possam ser acompanhadas por todos.

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