Ícone do site ContilNet Notícias

Menino fica internado por 13 dias na UTI depois de engolir ímãs

Por CRESCER

Ímãs de neodímio fazem sucesso entre crianças e adultos, pois ao manipulá-los é possível construir diversas formas e estruturas em uma atividade que aprimora a coordenação motora e alivia o estresse. Eles são, porém, um grande perigo para os pequenos, o que a família de Raul, 7 anos, de São Paulo (SP), descobriu da pior maneira possível quando o menino precisou ser internado na UTI e passar por cirurgia após ingerir o brinquedo.

A ingestão ocorreu no dia 15 de agosto, enquanto o menino brincava com quatro pequenas peças esféricas depois de encontrá-las no chão da escola. “Primeiro, Raul guardou os ímãs no bolso e ficou brincando com eles ao longo do dia. Eram de alguma criança que levou para a escola e perdeu as pecinhas. Ele contou que colocava uma peça na parte de dentro do lábio e outra do lado de fora e elas se colavam. Enquanto fazia isso, ele engoliu por acidente duas peças e depois de algumas horas, engoliu outras duas quando estava sozinho”, disse Carla Venturelli, mãe de Raul, em entrevista à CRESCER.

Raul não contou a ninguém que havia engolido os objetos. No mesmo dia começou a se sentir mal e vomitou algumas vezes. Na sexta, os sintomas continuaram e no sábado, Raul começou a se queixar de forte dor abdominal. A família, que até então acreditava que o menino contraíra alguma virose, levou-o ao hospital. “No começo, suspeitaram de apendicite, mas fizeram um ultrassom e viram que não era isso. Foi então que realizaram um raio-x e descobriram os ímãs”, conta Carla.

Raul estava com muita dor e precisou ser internado na UTI, onde administraram morfina. Na segunda, o menino foi operado, os quatro ímãs retirados e os médicos concluíram que os objetos causaram três perfurações no intestino e uma no estômago. Composto de ferro, boro e neodímio, esse tipo de brinquedo é de cinco a dez vezes mais forte do que ímãs tradicionais, de acordo com artigo da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição.

Quando uma única peça é ingerida, ela costuma passar pelo trato digestivo sem causar grandes danos. O risco à saúde ocorre quando mais de um ímã é engolido, pois eles atraem um ao outro mesmo que estejam em áreas diferentes do sistema digestivo. “Os ímãs podem fazer com que dois pedaços diferente do intestino fiquem colados e, por causa da força, desses objetos, eles não se separam, o que pode resultar em perfurações e obstruções gastrointestinais”, explicam os autores do artigo.

Depois da cirurgia, Raul ficou 13 dias na UTI, sendo que em 8 deles recebeu apenas alimentação intravenosa. “Tivemos muitos alto e baixos nesse período, ele ficou sedado e pegou pneumonia. Nunca imaginei viver algo assim. Ninguém está preparado para passar o que passamos. Muito medo de perdê-lo. A vida é muito frágil, temos que aprender a relevar algumas questões e curtir muito nossos filhos, porque há muitas coisas que não podemos controlar”, diz Carla.

No dia 2 de setembro, Raul voltou para casa e apesar de ainda ter algumas restrições alimentares e de atividade física, está retomando a rotina e voltou para a escola. “Conversamos com o Raul sobre o motivo de ele não ter contado que engoliu os ímãs e ele disse que em nenhum momento fez a associação entre a dor que estava sentindo e as pecinhas. Não imaginou que poderia ser ruim”, afirma.

Nas redes sociais, Carla fez um post contando o que aconteceu com o filho para que sirva de alerta a outros pais e mães. “Antes de tudo acontecer, eu achava esse brinquedo incrível pela possibilidade de criar várias formas e construir, apesar de nunca ter dado um para ele. Mas hoje, acho que o custo benefício não vale a pena. As consequências de uma situação dessas são irreparáveis”, diz.

Sair da versão mobile