“A gente percebe que a educação pode mudar a vida das pessoas”, reflete professor

Ser professor não é uma tarefa fácil. Exige dedicação, paciência e capacidade de transmitir conhecimento, sobretudo quando se chega nos degraus mais altos da hierarquia acadêmica, como lecionar para alunos de mestrado e doutorado. Um desses casos é o do professor e pesquisador da Universidade Federal do Acre (Ufac), Dionatas Meneguetti.

Professor em atividade de campo/Foto: Arquivo Pessoal

Apesar da pouca idade, 33 anos, Meneguetti tem uma longa caminhada nas salas de aula, tanto como aluno quanto como professor. Ele é graduado em ciências biológicas, especialista em didática e metodologia do ensino superior, mestre em genética e toxicologia aplicada e doutor em biologia experimental. Professor da Ufac há aproximadamente 5 anos e meio, já dá aulas há mais de uma década. Passou pelas salas de aula da rede estadual de ensino, de faculdade particular e de curso técnico antes de chegar na Federal do Acre.

“Dentro da Ufac eu atuo no Colégio de Aplicação, dando aula para o ensino básico e recebendo os estagiários do curso de licenciatura em ciências biológicas para fazer o acompanhamento. Além disso, ministro aula nos cursos de pós-graduação. Sou professor do Mestrado em Ciências da Saúde na Amazônia Ocidental, do Mestrado em Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia e também sou professor do Doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia, da rede Bionorte”, diz.

Mas a vontade de ser professor surgiu através de uma outra necessidade, a de ser pesquisador. “Desde criança eu tenho um perfil de querer descobrir as coisas, eu até brinco que nasci pesquisador. Entrei na universidade com esse foco de ser pesquisador. Mas no Brasil há poucos centros de pesquisa, e um deles é a Universidade Federal. Mas pra desenvolver a atividade de pesquisa precisa unir também a de ensino, então em virtude disso despertou em mim a vontade de ser professor, e hoje eu não me vejo em outra profissão. A contribuição de ser um professor é muito rica. Como dou aula desde o ensino básico até o doutorado, convivo com pessoas de várias faixas etárias. E a gente percebe a que a educação pode mudar a vida das pessoas”, conta.

Professor Dionatas Meneguetti em atividade no laboratório/Foto: Arquivo Pessoal

Mas nem tudo são flores na vida de um professor, ainda mais em tempos de contingenciamento. Isso porque além da árdua tarefa dentro da sala de aula, os professores de dedicação exclusiva, que é o caso de Dionatas, precisam desenvolver o tripé ensino (aulas), pesquisa (desenvolvimento da ciência) e extensão (retorno pra comunidade). Ele é coordenador do Laboratório de Medicina Tropical da Ufac, que desenvolve pesquisas sobre doenças tropicais e negligenciadas, que são aquelas que apesar de acometer um número que chega a 90% da população, recebem menos de 10% dos investimentos em pesquisa.

“Na minha área eu já estava acostumado a lidar com pouco recurso, mas é claro que com a atual situação do país isso diminuiu ainda mais. Eu trabalho com pesquisas em malária, leishmaniose, doença de chagas, dengue, febre amarela, doenças transmitidas por carrapatos, vermes de peixe e toda essa parte da parasitologia. Essa diminuição dos recursos prejudicou nosso laboratório principalmente por conta dos cortes de bolsas pros alunos. A pesquisa só funciona se tiver alunos”, afirma.

O professor lamenta ainda que com os cortes, as pesquisas devem perder muito em qualidade. “Nós somos pesquisadores mas temos que desenvolver todo o tripé (ensino, pesquisa e extensão) e ainda temos que desenvolver alguma atividade administrativa, então temos apenas um percentual X de tempo pra pesquisa. Se dependermos somente desse tempo, muitas vezes as pesquisas não se aprofundam tanto. Então tendo os orientandos, principalmente os de mestrado e doutorado, é o que possibilita desenvolver ciência de uma forma mais aprofundada, já que os alunos se dedicam de forma exclusiva as suas pesquisas. E é com base nessas pesquisas que são feitas as grandes descobertas. Como exemplo, várias pesquisas que resultaram em Prêmio Nobel foram desenvolvidas em doutorados. Sem as bolsas, os alunos vão ter que dar um jeito de trabalhar externamente, o que deve comprometer significativamente a qualidade das pesquisas. Essa é minha maior preocupação, além dos recursos para comprar produtos para manter o laboratório”.

Apesar da parte difícil na vida de um professor e pesquisador, a parte boa parece ter superado essas dificuldades, é que a quantidade de professores na casa de Dionatas deve aumentar, a sua esposa, Naila Meneguetti, está prestes a concluir o doutorado. “A Naila está concluindo o doutorado, então por enquanto ainda não está atuando como professora. Mas assim que ela concluir deve ingressar no mercado de trabalho como pesquisadora e professora, e a partir de então seremos dois professores em sala de aula morando na mesma casa. Vejo isso com bons olhos, é uma profissão que a gente ama, que já reflete na nossa filha, a gente se entende e fala a mesma língua”, comemora.

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