Já faz alguns anos que tem escrito “self-love” no espelho do quarto, como um eterno lembrete pra si mesma. Junto a ele, um trabalho diário de aceitação da própria imagem. Se tem uma coisa que vem sendo batido na tecla é como os padrões nos fizeram enxergar e dar tanta importância a “defeitos” que hoje podemos chamar apenas de biotipos diferentes, ou até mesmo o próprio efeito do tempo. Sim, e se tem algo de bom que esta geração está recebendo é a noção de que não existe um único tipo de beleza. A valorização pelas peculiaridade e autenticidade nunca foi tão intensa como hoje, na era das redes sociais, onde pessoas comuns tornam-se protagonistas em seus nichos, inspirando e influenciando pessoas que se identificam com as suas especificidades. A representatividade, à base de um forte movimento de empoderamento e resistência, vai aos poucos saindo da fatia “cota” das mídias e se mostrando como, de fato, um grande recorte do que representa verdadeiramente a diversidade da população.
Somos plurais, e a busca por identidade tem tornado, inclusive, a moda mais democrática. Entender a forma de se expressar visualmente é um processo de autoconhecimento. Saber escolher cuidadosamente os elementos e símbolos que ajudam a mostrar quem você é, sem precisar dizer uma palavra, é uma habilidade que se conquista ao passo que se busca entender a própria personalidade e tudo aquilo que orna com ela. O que se ganha com isso? Autoconfiança, praticidade, expressividade e uma maior facilidade em se posicionar no mundo. Você passa a ser um outdoor de si, comunicando com clareza o que é e a que veio. Estilo pode ser muito mais profundo do que mero consumo: é uma ferramenta de transformação pessoal, de autocuidado e adequação às situações que vivencia. É ser a sua própria marca, e tornar-se referência em sua área. É importar-se mais com a satisfação pessoal e com a coerência do que se usa do que com a opinião alheia. É olhar pro espelho e se sentir incrível, pois está transmitindo a mensagem que batalhou pra compreender.
À primeira vista pode parecer complexo, inacessível ou trabalhoso, e você pode estar pensando que “nem todo mundo tem condições financeiras para investir em imagem pessoal, já bastam os boletos que tão cada vez mais altos, pelamor!” – e falo com tranquilidade que ser uma pessoa estilosa nada tem a ver com gastar todo seu dinheiro em brusinhas. O futuro da moda caminha cada vez mais para o mercado cíclico, reutilizável, sustentável. Brechós e bazares ganham cada vez mais visibilidade e aceitação, num movimento bonito de desapego do que não lhe cabe mais, mas que pode cair como uma luva para outra pessoa, e ainda com vantagens, como a possibilidade de garimpar peças únicas, que carregam consigo uma história.
Armários Cápsula são outra tendência do bem: o que vale aqui não é quantidade, mas sim funcionalidade das peças, que dialogam entre si como um todo, formando múltiplas possibilidades de combinação, ou seja, a criatividade guia e dá uma impressão de estar sempre diferente, apesar de usar as mesmas peças, o que muda é a forma de ordená-las. Parece controverso, mas quanto menos peças no guarda-roupas, mais espaço para explorar a imaginação, menos tempo em ter que encontrar soluções, pois você passa a conhecer (e consegue visualizar melhor) tudo o que tem. Portanto, não precisa investir horrores em roupinhas da moda, mas sim em peças-chave, coringa, que serão verdadeiras aliadas na sua montação.
Gostar do que vê no espelho não tem preço, mas, para isso, é preciso um mergulho interno de perceber o que te favorece, o que soma e enaltece a beleza que já existe. Quando você perde o medo de se expressar, automaticamente você inspira outras pessoas a refletirem sobre si mesmas, e isso vai criando uma onda saudável de quebra de barreiras. Se olhe, se entenda, se ame. E depois espalhe seu brilho por aí.