“Nós, povos da floresta, herdeiros da luta de Chico Mendes, pedimos que o Brasil olhe para a Amazônia como uma região estratégica para o desenvolvimento do país”, diz um trecho da carta divulgada no último domingo (20), em Rio Branco (AC), durante o encerramento do 7º Congresso do Partido dos Trabalhadores no Acre, realizado no último final de semana sob o tema “Lula Livre”. Além de reafirmar a inocência do ex-presidente da República e maior liderança do Partido, atualmente preso em Curitiba (PR), a “Carta” dos delegados petistas ao próximo congresso nacional da sigla, a ser realizado em São Paulo, no mês que vem, diz que os petistas acreanos renovaram coletivamente “os sonhos e percebemos que quando nos reunimos, não há limites para sonhar”.
Para o PT, o último encontro no Acre reafirmou a capacidade da militância em se renovar, “se reconstruir e continuar na luta por um futuro de inclusão, por um Acre e um Brasil justo, solidário e soberano”, Segundo o documento, “nos últimos anos, as vidas das pessoas simples, das pessoas que trabalham, dos que servem e dos que lutam tem sido atravessada por agressivos processos de desrespeito, subtração de direitos trabalhistas, negação aos direitos humanos e criminalização dos movimentos sociais; das mulheres; dos povos indígenas; dos extrativistas, dos ribeirinhos, dos agricultores familiares, da população negra”.
O documento também faz veemente defesa da população LGBTQI+ (a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgeneros). De acordo com o PT, esses grupos de pessoas vivem sob a ameaça do Estado (governo), “em estado infeliz; que insulta e agride de maneira sanguinária, que atira e chicoteia, sem perguntar e sem dizer o porquê”.
O Partido não define se a agressão denunciada é do governo federal ou estadual. É provável que seja em relação ao governo federal, porque o Partido é duro com o atual governo de Jair Bolsonaro. “O que vivemos hoje é consequência de um processo que foi anunciado durante todo o tempo da gestão do PT e iniciado em 2016, através da armadilha golpista político-jurídico-midiática, que retirou da presidência, em seu segundo mandato, a primeira mulher eleita no Brasil, Dilma Rousseff; por perseguição política tirou a liberdade da maior liderança política do século, nosso Presidente Lula, esse processo se consolidou em 2018 com um enredo de discursos e narrativas ultraliberais”.
De acordo com a carta petista, “toldaram as políticas públicas, criaram a insegurança nos segmentos mais frágeis da vida da população; incentivaram a violência, a exploração, a perseguição e muitos estão sendo mortos com o “silêncio” da justiça. Queimaram as causas ambientais e a constituição. Borraram os direitos trabalhistas e colocaram talas de políticas ideológicas na educação, sob o engodo de “ordem” que ameaçam o nosso progresso!”.
No documento, os petistas se declararam orgulhosos pelas conquistas obtidas ao longo dos 20 anos de governos populares no Acre, sob a liderança do PT. “Os avanços na organização do aparato de governo, nas políticas sociais, na infraestrutura do desenvolvimento, na proteção do meio ambiente, no amparo das minorias e populações em situação de fragilidade social, na revolução da educação pública e na ampliação dos serviços de saúde”, foram destacados na Carta. “O forte crescimento de PIB e a melhoria dos principais indicadores sociais, no período, provam o acerto de nossa experiência de governo, ainda que muito tenhamos que aprender. É do aprendizado gerado na vivência coletiva no partido, nas comunidades e nos movimentos que avançamos na luta do nosso povo”, acrescentou o documento.
Por fim, os petistas lembraram do legado de Chico Mendes, assassinado há 30 anos, e destacaram que, “diante do atual momento, ouvimos as vozes do Juruá, trazidas nas esperanças dos companheiros e companheiras que representam a região; trilhamos nos pensamentos do Alto Acre, que compartilharam sonhos; navegamos nas ideias dos trabalhadores dos Purus, certos de que a luta é permanente; abraçamos as mentes abertas do Tarauacá-Envira, e vimos que a razão aponta rumos; nos encontramos com o Baixo Acre para tecer as esperanças, sonhos, pensamentos e razão”.
O documento, que não traz a assinatura de ninguém e é assinado com a expressão “Delegados do 7º Congresso Estadual do Partido dos Trabalhadores”, destaca que “ constatamos que a política para a inclusão social, o sonho do PT, requer um pouco de cada um, para que sejamos mais e muitos. Estaremos nas ruas, nos rios, no Acre e no Brasil. Na defesa do futuro do país”. O documento é concluído com a seguinte expressão: “Bora, companheiros e companheiras, juntos fazer a vida acontecer.” Lula LIVRE!”