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Conselho de Seringueiros se reúne em Brasília em busca de enfrentar Bolsonaro

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

O Conselho Nacional dos Seringueiros, entidade fundada pelo líder sindical Chico Mendes, em 1985, vai se reunir em Brasília, de 5 a 7 de novembro, para eleger sua nova diretoria e criar bandeiras de luta para enfrentar a política ambiental do governo Jair Bolsonaro. O temor dos seringueiros é que o governo Bolsonaro possa vir a contribuir para o acirramento entre trabalhadores e latifundiários e os conflitos pela posse da terra, principalmente na Amazônia, possam vir a ocorrer novamente.

As informações foram dadas em Rio Branco, nesta sexta-feira (11), pela ativista Ângela Mendes, filha de Chico Mendes, uma das coordenadoras de uma “vaquinha virtual” na Internet para a arrecadação de recursos destinados a custear as despesas com o congresso. Pelo menos 200 delegados de toda a região amazônica devem participar do congresso.

De acordo com Ângela Mendes, os ambientalistas estão preocupados com a política ambiental do presidente Bolsonaro e de seu ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, porque eles têm dado demonstrações de que não gostam do conceito de território compartilhado, as chamadas Reservas Extrativistas, criadas a partir dos conceitos desenvolvidos por Chico Mendes. “Eles podem até tentar acabar com esse conceito ou simplesmente deixarem de criar novos territórios”, disse Ângela Mendes.

Além disso, de acordo com a ativista, o Poder Judiciário vem dando seguidas demonstrações de que, em caso de acirramento, ficará ao lado dos latifundiários e dos empresários do agronegócio. “As questões que vêm sendo judicializadas, nunca são decididas pelo Poder Judiciário em favor dos trabalhadores”, disse a ativista. “Isso, a gente já sente e percebe desde o início do atual governo”, acrescentou.

O Conselho Nacional dos Seringueiros foi fundado durante o I Encontro Nacional dos Seringueiros, em Brasília, em outubro de 1985. Sua criação foi resultado da luta dos empates contra a expulsão da terra e a devastação da floresta, desenvolvida pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR), especialmente o de Xapuri, cujo presidente era Chico Mendes. A partir de 2009, quando da realização do 2º Congresso das Populações Extrativistas da Amazônia e o 8º Encontro Nacional, em Belém, mais de 400 lideranças extrativistas dos nove estados da Amazônia aprovaram a mudança do nome da entidade para Conselho Nacional das Populações Extrativistas, mantendo a mesma sigla CNS.

O CNS é, portanto, uma organização de âmbito nacional que representa trabalhadores agroextrativistas organizados em associações, cooperativas e sindicatos. Seu Conselho Deliberativo é formado por 27 lideranças de diferentes segmentos agroextrativistas de todos os Estados da Amazônia. São seringueiros, castanheiros, coletores de açaí, quebradeiras de coco babaçu, balateiros, piaçabeiros, integrantes de projetos agroflorestais, extratores de óleo e plantas medicinais, entre outras modalidades.

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