O governador Gladson Cameli conseguiu emocionar a família Santos, uma das mais tradicionais do Acre, ao reinaugurar, na manhã desta terça-feira (15), não por acaso Dia do Professor, a Biblioteca Pública do Estado, fechada desde o governo passado e que a atual administração estadual reconstruiu nos últimos oito meses, com investimentos da ordem de R$ 1 milhão. Não que o governador tenha feito salamaleques para a família, mas apenas, por dever de justiça, mandou devolver ao local de origem o monumento no qual o nome da biblioteca – “Adonay Barbosa dos Santos”, dado no governo Romildo Magalhães, logo após a morte do homenageado, em 1992 – estava registrado.
Não se sabe o motivo, no governo petista de Binho Marques, o busto com o nome do homem que emprestou seu nome ao estabelecimento foi literalmente retirado do local original e jogado numa sala qualquer, como fosse uma peça sem importância. “Fiquei tão revoltada com aquilo que decidi vir aqui pegar o busto com o nome do meu marido e levei para casa”, disse, no ato da inauguração, a viúva de Adonay Santos, empresária Valdísia Santos, a mais emocionada com a reinauguração. Ela compareceu ao ato acompanhada de praticamente toda a família: filhas (o único filho homem vivo do casal, Antônio José dos Santos, o “Ieié”, está viajando e não chegou a tempo), genros e netos, todos emocionados. Dona Valdísia não conseguiu conter as lágrimas quando a placa foi descerrada.
E não poderia ser diferente. Ela conheceu Adonay Barbosa dos Santos quando ambos ainda eram estudantes e jovens, no Colégio Acreano. “Ele era bem chato”, admitiu, mas, apesar da chatice, ela se apaixonou. Casaram-se em 1956 e tiveram quatro filhos: “Ieié”, Adonay Júnior (já falecido), Kátia e Maura. “Meu pai tinha muito orgulho em dizer que nasceu no seringal Natal, às margens do Rio Iaco, no município de Sena Madureira”, disse a filha Maura, advogada em Brasília (DF), sem esconder o orgulho com alguns fragmentos da história de seu pai.
Adonay Barbosa dos Santos começou a militar na política estudantil aos 17 anos de idade, quando se elegeu presidente da Casa do Estudante Acreano. Na política, ainda chegou a ser deputado estadual constituinte pelo PTB, em 1962. Quando era deputado ainda, conseguiu se formar em Direito. Era comerciante, com aguçada visão de empreendedorismo. Nesta condição foi o primeiro empresário de comunicação a trazer uma emissora FM para Rio Branco. Foi ainda superintendente da extinta Sudhevea, em Brasília, órgão encarregado de gerir a política da borracha extraída das seringueiras, ainda no governo do presidente José Sarney. Também foi delegado da Receita Federal e primeiro governador acreano do Rotary Internacional. “Aliás o Rotary foi sua vida. Foi através do Rotary que levou o nome do Acre mundo afora. Foi grão mestre da Maçonaria”, disse Maura.
“Nada mais justo que o querido Adonay Santos tenha seu nome gravado na entrada da nossa biblioteca”, disse o presidente da Fundação Elias Mansour, encarregada de gerir a área de cultura do governo do Estado, Pedro Correia, o “Correinha”. “O Acre não só homenageia a família Santos como rende homenagem a um político e a um empresário bem à frente de seu tempo”, disse o governador Gladson Cameli sobre o homenageado.
Participaram da reinauguração diversas autoridades, artistas e educadores, como o secretário de Educação, professor Mauro Sérgio, que ajudou a descerrar a placa de inauguração. “Estou muito honrado”, disse.
O prédio, localizado na Avenida Getúlio Vargas, centro de Rio Branco, foi inaugurado em março de 1979, no governo Joaquim Macedo. O acervo do local conta com um mais de 80 mil livros e recebe cerca de 7,5 mil pessoas por mês. O local ainda conta com espaços de leitura, computadores com acesso à internet, área infantil, de histórias em quadrinhos (HQ) e filmoteca.
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