O sucesso de um governo com seus planos assistenciais não é proporcional ao aumento número de assistidos. Pelo contrário, quanto menos cidadãos necessitarem deste tipo de trabalho, maiores os méritos do governo. A atual Pasta aglutinou outros setores formando a Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (Seasdham).
A “superpasta”, aprovada no bojo da nova reforma administrativa, pela Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), em maio deste ano, é estratégica para o governo Gladson Cameli por tratar de questões fundamentais para o bem-estar dos acreanos, seja na defesa dos direitos das minorias, como também da juventude, e na proteção efetiva das pessoas do sexo feminino.
Como 2019 é um ano atípico, principalmente por causa da alternância de poder tanto nacional quanto em nível local, a secretária Claire Maria Carvalho Cameli, de 41 anos, precisou, no planejamento estratégico, analisar os projetos já existentes e criar novas propostas para garantir mais qualidade nos atendimentos. “Essa é a minha vocação desde criança. Eu sempre me solidarizei com aquelas pessoas mais necessitadas”, declarou a gestora.
Ela faz visitas institucionais, mobilizações, atendimentos sociais, encaminhamentos, reunião de equipes, mediação de conflitos, supervisiona serviços e grupos, cobra diagnósticos sociais e realiza intersetorialidade. Tudo isso e outros motivos fazem de Claire Cameli uma gestora comprometida com a sua missão, além de revelar algumas das suas principais características: o amor pela causa e o constante desejo de melhorar a vida das pessoas.
Egressa da primeira turma formada em Assistência Social no Acre, ela diz que o trabalho do profissional da área deve garantir a emancipação econômica das pessoas, provendo-as de seus próprios sustentos e sempre em busca da cidadania plena. Em seu gabinete, ela recebeu a equipe da ContilNet Notícias e concedeu a seguinte entrevista:
ContilNet – Como é ser assistente social?
Claire Cameli – Eu adquiri uma bolsa para fazer a faculdade, que era o curso superior dos meus sonhos. Ser assistente social é não ser assistencialista. Ajudamos o cidadão a se emancipar, dando-lhe as condições para que ele olhe para si e veja que é capaz de prover o seu próprio sustento, principalmente através do empreendedorismo.
ContilNet – Fala-me um pouco da sua trajetória como profissional
Claire Cameli – A minha primeira experiência foi no Centro de Referência em Assistência Social (Cras) do município de Bujari, onde eu fui coordenadora e desenvolvi, juntamente com a equipe técnica, alguns trabalhos bens legais, sobretudo com os beneficiários do programa Bolsa Família. Depois eu vim trabalhar na Secretária Estadual de Desenvolvimento Social (Sedes), mais precisamente na parte de habitação. Na sequência, fui para a Secretaria Estadual de Habitação (Sehab), onde trabalhei na zona de atendimento prioritário, a ZAP Urbana, na região do bairro Santa Inês. Fizemos trabalhos de excelências juntamente com a Saúde, Educação e a Segurança. Existem muitas famílias desestruturadas naquela região, notadamente jovens que foram tragados pela marginalização.
ContilNet – E como foi a sua vinda para a Seasdham ?
Claire Cameli – Eu sempre acreditei no trabalho do nosso governador, um político cem por cento popular. Juntei-me à equipe do plano de governo e depois da transição. Através do gabinete da primeira-dama, eu recebi o convite dos dois. Eu estou há cinco meses no cargo. Em dezembro do ano passado, por causa de uma reforma em nível nacional, as secretarias de assistência perderam esse status e passaram a ser institutos de assistência social. No decorrer desses meses até abril, a Casa Civil entendeu que a gente perderia muitos convênios e outros recursos, caso fôssemos um instituto. Também existi a necessidade agregar outras secretarias numa só pasta.
ContilNet – Quais são os pontos positivos desses poucos meses de gestão?
Claire Cameli – A gente entende que o trabalho da secretária é uma política muito cara. Existem formas de buscar recursos, principalmente através das emendas parlamentares, para que a gente possa executar o nosso trabalho. Isso tem me trazido muita alegria porque temos muitos projetos sociais para serem desenvolvidos. A nossa bancada federal e o presidente da República estão priorizando esta área. Vamos dar continuidade aos convênios que abrangem a nossa secretaria. Vamos fazer muitas ações de monitoramento, acompanhamento e capacitação. Dentro da área social propriamente dita trabalhamos com recursos do governo federal.
ContilNet – E quais são os gargalos?
Claire Cameli – Acho que é a vontade de fazermos aquilo que ficou para trás. A secretaria de Assistência Social estava esquecida há 20 anos, ou seja, as políticas não estavam sendo executadas da maneira que deveriam ser. E preciso um olhar especial para a nossa sociedade. A prova disso são as crianças e adolescentes envolvidos com facções criminosas. Trabalhar com esta pasta é um desafio muito grande porque sabemos que esse problema não pode ser resolvido da noite para o dia. Sem contar, ainda, que somos uma secretaria transversal, ou seja, dependemos e precisamos de parcerias com praticamente todas as demais pastas. Eu não sou secretária de gabinete. A gente só vai conhecer as realidades se formos até as comunidades. Precisamos identificar os problemas para, dessa forma, sermos resolutivos. Dispomos, também, de uma equipe técnica de excelência que toma conta dos procedimentos administrativos.
ContilNet – Qual é o olhar do governador Gladson Cameli para a assistência social?
Claire Cameli – Por sermos uma secretaria transversal, o governador tem um olhar diferenciado. Tem deixado os secretários bem à vontade para debater qual é a exata política para o nosso estado. Ele tem uma enorme preocupação quanto se fala em fome e vulnerabilidade social de crianças, adolescentes e idosos.
ContilNet – Comente um pouco sobre as políticas para as mulheres, juventude e idosos
Claire Cameli – Houve, infelizmente, um aumento da violência doméstica contra as mulheres. Com o estabelecimento de convênios, poderemos chegar aos ramais para fazer esse acompanhamento. Quanto à juventude, estamos firmando parcerias com a educação e usaremos todos os espaços disponíveis para o esporte e lazer, tirando os jovens da ociosidade, e, conseqüentemente, diminuindo o risco deles entrarem para o mundo da violência. Com relação aos idosos, temos centros de convivência aqui, em Tarauacá e em Cruzeiro do Sul. Isso é uma política de interesses de todos, inclusive da Saúde. Estamos tentando oferecer o melhor porque, muitos deles, têm problemas de depressão. A gente tem uma equipe capacitada com psicólogos e assistentes sociais.
ContilNet – Existe alguma parceria nova?
Claire Cameli – Em parceira com a Secretaria de Empreendedorismo e Turismo, estamos fazendo um trabalho com a mulheres que sofreram violência doméstica, incluindo ainda outras mulheres que não passaram pela Casa Obrigo Mãe da Mata (local onde se recebem mulheres vítimas de violência doméstica). O objetivo é torná-las microempreendedoras, emancipando-as financeiramente de seus companheiros.
ContilNet – Qual é a diferença de assistência para o assistencialismo?
Claire Cameli – Não se pode dar o peixe e não ensinar a pescar. É preciso acompanhar essas famílias e mostrar, através das ações que estado oferece, que possível elas garantam seus próprios sustentos. Temos inúmeras parceiras com o Sistema S e prefeituras para que, principalmente os beneficiários do Bolsa Família, possam se qualificar e entrar no mercado de trabalho.