“Há algumas semanas passei mal, tive muitas cólicas. Fui ao médico e ele recomendou uma ultrassonografia. Fui fazer achando que poderia ser qualquer outra coisa, mas não! O médico falou: ‘Aqui tem um bebê’. Eu: ‘O que? Não, é Impossível! Tenho um bebê de 11 meses. Fiz laqueadura'”, revelou a servidora pública Edmara Bartnikosski, 32 anos, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em suas redes sociais, nesta segunda-feira (18).
A gravidez de 13 semanas foi uma surpresa e tanto, já que ela é mãe de três meninos — um de 14 anos, outro de 11 anos e o caçula de apenas 11 meses —, e havia decidido que não queria mais ter filhos. A laqueadura, do tipo salpingectomia bilateral, foi realizada durante a cesárea do último parto, no dia 14 de setembro do ano passado. “Engravidei cerca de 8 meses após ter feito a laqueadura”, disse ela, que ainda está abalada. “Fiquei deprimida e, na verdade, ainda estou”, admitiu. “Eu tive trombose após o terceiro parto e fiquei internada. Com essa nova gestação, tenho risco de ter de novo e, por isso, estou fazendo uso de anticoagulante”, completou.
Edmara também disse que o filho mais velho tem deficiência física e ainda precisa de fisioterapia, pois anda com dificuldades. “Tudo isso me deixa muito preocupada e também foi um dos fatores para eu decidir fazer a laqueadura”, conta. Passado o susto, a mãe de três — que, em breve, será mãe de quatro — escreveu: “Depois eu disse: ‘Doutor, aumenta o som’. Ouvi o coração batendo e só chorei. Meu Deus, e agora?”.
O post foi o bastante para deixar outras mulheres assustadas. “Nossa! Fiz uma laqueadura há 9 anos, que medo”, escreveu uma. “A minha laqueadura se chama Beatriz e vai completar 1 mês”, contou outra. “Mas foi erro do médico que fez a laqueadura ou é normal acontecer isso?”, perguntou mais uma.
É POSSÍVEL ENGRAVIDAR APÓS LAQUEADURA?
Segundo o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, dos Hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, em São Paulo, é raro, mas pode, sim, acontecer. “A taxa de falha é de 0,3% a 0,5%, principalmente no primeiro ano após a laqueadura. Isso significa que uma em cada 200 mulheres submetidas ao procedimento pode engravidar”, afirmou. “Trata-se de um procedimento cirúrgico. Nele, nós seccionamos e ‘amarramos’ as trompas, ou seja, realizamos uma ligadura. O processo de cicatrização leva cerca de 21 dias e, a partir daí, a passagem para os óvulos e espermatozóides fica bloqueada. No entanto, existe a possibilidade de, no processo de cicatrização, eventualmente, ocorrer a recanalização. Isto é, a trompa pode recanalizar, pode reabrir o caminho, por diversas razões”, completa. Portanto, segundo o obstetra, caso a mulher engravide, não deve ser considerado um erro ou negligência do cirurgião.
Por outro lado, o obstetra explica que para quem já fez a laqueadura há alguns anos, as chances de engravidar são menores. “A cada ano que passa, é menos provavel que haja falha”, afirma. “Mas é claro, é um método que pode falhar, como qualquer outro. Nenhum método de anticoncecpção é 100% eficaz. Inclusive, recentemente foi divulgado um dado mundial referente a falhas de métodos anticoncepcionais, e o mais seguro — mais do que a laqueadura — é o DIU hormonal”, finalizou.