Todos os dias, na parte da noite, os primos Alan, Matheus e Khailan, de 9 e 12 anos, saem de casa para vender chocolates, nos principais pontos turísticos de Cruzeiro do Sul. Arriscando a própria vida, as crianças disputam alguns pontos movimentados da região central da cidade, com outros moradores de rua, bem mais velhos que eles.
“A gente vende para comprar comida”, disse um deles.
Eles também costumam ficar nos semáforos. Durante o dia eles estudam e de noite ficam até às 21h30, diariamente, e depois seguem a pé e sozinhos pra casa.
Questionado sobre a situação, um deles ressaltou que um dos motivos pelo qual fica vendendo doces na rua, é a necessidade financeira que enfrenta dentro de casa.
“Em casa, a gente não tem muita coisa. Minha mãe é desempregada, meu pai esta preso, se a gente “não se virar”, acabamos morrendo de fome. As coisas que vendemos aqui, não resolve muita coisa, mas serve para uma refeição. Fora que as vezes, alguém sempre paga alguma janta pra gente”, ressaltou.
A SOCIEDADE
Uma cliente do Bar Bee Center, que fica localizado próximo ao ponto de venda das crianças, falou que já tentou aconselha-los a não ficar até tão tarde pelas ruas.
“A gente foi comemorar um aniversário e eles estavam lá. A gente falou pra eles irem embora, por ser muito tarde e perigoso, mas não adiantou”, contou.
Em outro caso, conversamos com o senhor Paulo Oliveira, de 31 anos, que sempre frequenta a praça de alimentação, onde os garotos também costumam ficar. Para ele, alguns deles enganam as pessoas, e trocam a comida que é oferecida em marmitas, por drogas.
“Já aconteceu situações aqui, onde a pessoas deram uma marmita, e eles foram trocar por drogas, em um bairro próximo ao Centro. É uma situação complicada onde o poder público deveria se atentar mais para isso. Eles ainda são crianças, mas se continuarem assim, o mundo do crime com certeza vai tomar conta da mente deles, e brevemente estarão dando trabalho à sociedade praticando crimes”, frisou.
PODER PÚBLICO
O Conselho Tutelar e a Assistência Social foram procurados para falar sobre o caso, mas até o fim desta matéria, não conseguimos contato.