O ator Leonardo DiCaprio divulgou comunicado respondendo ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro sobre as acusações, sem provas, de que o ator estaria financiando queimadas criminosas na Amazônia.
Na sexta-feira, ao sair do Palácio do Planalto e tirar fotos com apoiadores, Bolsonaro respondeu a uma mulher que lhe perguntou sobre incêndios. “O Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”, disse o presidente. O presidente também havia relacionado DiCaprio a queimadas durante uma transmissão ao vivo em seu Facebook.
Em comunicado divulgado na noite de sexta-feira e repercutido pela rede britânica BBC, DiCaprio afirma que “embora certamente mereçam apoio”, ele não financia as organizações “que estão atualmente sob ataque”. O ator, conhecido por sua defesa da causa ambiental, disse ter “orgulho de estar ao lado dos grupos que os protegem”.
DiCapriou também elogiou o “povo brasileiro que vem trabalhando para salvar suas heranças culturais e naturais”. “O futuro destes ecossistemas insubstituíveis está em jogo”, disse.
Nesta semana, quatro brigadistas ligados a ONGs que atuam na Amazônia foram presos em Alter do Chão, no Pará, sob acusações controversas de terem ateado fogo na floresta. Críticos afirmam que a prisão, pouco explicada pelas autoridades, foi uma forma de o governo intimidar organizações ambientais que atuam na região. A Justiça determinou a soltura dos brigadistas na quinta-feira. Após a soltura dos brigadistas, o governador Pará, Helder Barbalho (MDB), anunciou a troca do delegado que cuida do caso.
Bolsonaro já havia dito em ocasiões anteriores que os incêndios que ocorriam na região amazônica poderiam ter origem criminosa e que ONGs de proteção ao meio ambiente poderiam estar envolvidas. Não há até agora, no entanto, nenhuma evidência concreta de envolvimento de organizações da sociedade civil em queimadas.
O desmatamento na Amazônia cresceu 29,5% entre agosto de 2018 e julho de 2019, o maior índice em 11 anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) por meio de monitoramento por satélite. Foram mais de 9.000 quilômetros quadrados de área desmatada no período.