Ayrton Senna morreu em 1º maio de 1994 em Ímola, na Itália, como um dos grandes ídolos do esporte brasileiro e mundial. Além da sua carreira vitoriosa dentro da Fórmula 1 , o piloto também virava notícia pelos relacionamentos amorosos e conquistas fora das pistas.
Entre as mulheres mais famosas, Ayrton Senna se envolveu com a apresentadora Xuxa, no final da década de 80 e, de 1993 até o dia da sua morte, estava namorando com a então modelo Adriane Galisteu.
Mas existem também as paixões anônimas que Senna viveu ao longo da sua trajetória. E uma dessas histórias secretas de amor aconteceu entre os anos de 1984 e 1988, com a empresária Adriane Yamin – que na época era uma estudante adolescente de apenas 15 anos de idade e ele já um piloto de F1, com 24 anos.
gora com 50 anos de idade e após 30 anos de silêncio, Adriane resolveu contar, com suas próprias palavras, o começo, o meio e o fim desse relacionamento com Ayrton Senna, que para sempre mudou sua trajetória de vida.
De forma independente e sem editora, ela escreveu o livro “Minha Garota”, título que remete ao jeito que Senna se referia a ela na mídia. O lançamento da obra de 678 páginas será na quinta-feira (28), na Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo.
O título “Minha Garota” é referência a alguma coisa específica da convivência com o Senna?
Sim, é como ele se referia a mim na mídia. Como fez em várias entrevistas televisivas na época em momentos importantes de sua carreira e, por isso, faz todo sentido usar como título da nossa história.
Por que decidiu contar tudo só agora, tanto tempo depois?
Eu sempre soube que não poderia levar essa história comigo ad aeternum deixando uma lacuna bastante significativa na biografia do Ayrton. E chegou a hora de me inserir nela. Ouvi muitas coisas calada nesses anos e hoje não há mais motivos para que eu não fale. Essa é uma linda história de amor, que me faz sentir muita saudade e orgulho! Faz parte, também, da construção do que me tornei.
Você conheceu o Senna ainda adolescente. Como foi esse dia? Quem tomou iniciativa para falar primeiro?
Eu tinha apenas 15 anos quando ele entrou nos domínios da minha casa. Aos poucos ele foi se aproximando. Apesar do abismo entre nós (pela situação geral), tudo aconteceu de forma natural e respeitosa. Ele conhecia muito bem a dinâmica de uma família com costumes como os da minha família e concordava com eles, o que facilitou demais o nosso relacionamento.
Teve algum tipo de resistência por parte da sua família com o namoro? Por conta da diferença de idade, profissão dele…
(risos) Teve muita resistência durante todo o namoro. Mas ambos não dávamos motivos para que pudessem intervir. Seguíamos em linha reta. Éramos muito determinados em estar juntos e um casal bonito de se ver interagindo. Coitados dos meus pais… era uma mistura de alegria e medo. O que não faltaram em nossa história foram fortes emoções!
Na Fórmula 1, o Senna teve momentos de brigas, polêmicas e até uma certa arrogância. No relacionamento era assim ou mais tranquilo?
Desconheço a arrogância a que se refere. Inclusive, porque só acompanhei sua trajetória de perto durante o período do nosso namoro. Convivemos os quatro anos dentro da minha casa, com minha família e lá era um lugar onde já havia um chefe linha dura (risos). Mas acho que cheguei a ver um pouco disso quando fomos juntos receber o prêmio em Paris, pouco antes da relação acabar.
Vocês ficaram noivos e se separaram em 1988. Qual você considera o principal motivo dessa separação?
A imaturidade e a cobiça.
Quando você via Senna com Xuxa ou Adriane Galisteu, o que pensava?
Que ele estava com pessoas que não tinham nada a ver com o Beco*, mas sim com o Ayrton Senna da Silva, por isso não dava muito crédito. Eu namorei o Beco, e era dele que eu sentia muita falta. Me incomodou muito quando ele esteve com a Cris Ferracciu, ali sim eu poderia perdê-lo para sempre. Eu e ela hoje nos respeitamos e somos amigas porque pertencemos ao mesmo mundo.
*Nota do editor: “Beco” era o apelido de Ayrton Senna antes da fama. Na infância, a prima Lilian não conseguia pronunciar o nome do primo e o chamava de “Beco”
Como você recebeu a notícia da morte do Ayrton? Onde estava? Como reagiu?
Eu estava na fazenda da minha família. Foi um choque, uma confusão de sentimentos… meu primeiro impulso antes da confirmação de sua morte foi o de correr até ele, onde estivesse. Assim que foi confirmada, fiquei anestesiada. Não conseguia acreditar nem entender os desígnios de Deus.
Meu pai, que havia formado uma forte amizade com o Sr. Milton (pai de Ayrton) foi socorrê-lo em Tatuí, que era perto e estava sozinho. Foi em companhia do meu cunhado, Eduardo, e ficaram por lá até que Dona Neyde (mãe de Ayrton) chegasse. Quando retornaram, fiquei sabendo do conteúdo da última conversa que Sr. Milton teve com o filho na noite que antecedia o GP. O que estava acontecendo naquela última semana em sua vida. E eu revelo o conteúdo desta conversa em meu livro.
Se ele estivesse vivo, você acha que ainda teriam contato atualmente?
Não gosto de achismos… não sei se seria o “felizes para sempre”… mas sempre tive a certeza de que nossa história não havia chegado ao fim. Quando foi revelada essa última conversa entre o Sr. Milton e ele (Senna), entendi que nosso dia estava mais perto do que eu poderia imaginar, mas já era tarde.