Se definindo como uma “sustentabilista progressista” – embora não explique exatamente o que isso significa -, a ex-ministra do Meio Ambiente por cinco anos no governo do ex-presidente Lula e ex-senadora pelo PT, Marina Silva, acreana de 61 anos de idade, reapareceu na mídia nacional. Desta vez, numa longa reportagem da revista Carta Capital, com um novo mas não menos duro discurso contra a política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Pelo que vai publicado pela revista, Marina Silva iria, se pudesse, à goela do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Ele é rotulado por ela como o primeiro ministro do Meio Ambiente do país que é ‘antiambientalista’.
Marina Silva disse que vê um cenário perigoso para 2020 na área ambiental. “Não que a crise de 2019 não tenha sido suficientemente grave”, disse, ao afirmar que não enxerga, pelo menos por enquanto, meios e intenção do atual presidente retomar o caminho da proteção ambiental. “Até porque a governança foi desmontada, o Ibama e o ICMBio estão enfraquecidos”, analisa. “É a primeira vez na história do Brasil que temos um ministro antiambientalista”, acrescentou.
Marina Silva falou à revista sobre as recentes tragédias ambientais que atingiram em cheio o Brasil, como a explosão das queimadas na Amazônia e o derramamento de óleo que atinge o Nordeste e o Sudeste, além de discutir temas relacionados à democracia na América Latina, sobretudo na Bolívia. Ela acha que Evo Morales, o presidente boliviano quer renunciou e se refugiou no México, embora tenha avançado em programas sociais de combate à pobreza, cedeu ao sentimento caudilhesco de tentar se perpetuar no poder.
Também se posicionou a favor da prisão em segunda instância – com a ressalva de que a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser respeitada – e relembrou sua saída do governo Lula. Por sua posição, o homem que a fez ministra de seu governo, a depender dela, continuaria na cadeia.
Marina Silva não limitou suas críticas à atuação do presidente Bolsonaro e sua equipe à pauta ambiental. Segundo ela, o atual governo promove “um desmonte generalizado” nas agendas brasileiras. Ela não acredita, porém, que o país corra o risco de sofrer novas “aventuras autoritárias”, ainda que essas intenções apareçam no discurso da família presidencial. “Não há lugar para reeditar o autoritarismo no Brasil. Todavia, se não há lugar para reeditá-lo, é porque a nossa vigilância, desde que reconquistamos a democracia, nunca baixou. É ela que vai nos assegurar – o Congresso, as instituições do poder Executivo, Legislativo e Judiciário”, destaca.