É inegável que a rodada foi ruim para o Flamengo. A diferença para o Palmeiras caiu de dez para oito pontos. É fato, no entanto, que a vantagem ainda é confortável e, apesar do empate por 2 a 2 com o Goiás, no Serra Dourada, ainda não há motivo para apreensão. Esse é um ponto.
Outro ponto, mais preocupante, é a postura do Flamengo pelo segundo jogo seguido. Assim como na partida contra o CSA, o Rubro-Negro esteve muito abaixo de seu padrão com Jorge Jesus. Aquele time avassalador, que se impõe, não deu as caras. Foi uma atuação comum. Aparentemente desinteressado e desconcentrado em alguns momentos, apresentou vulnerabilidade, teve um repertório limitado e pagou caro no fim, com dois gols sofridos nos 15 minutos finais.
Soa estranho questionar o desempenho do Flamengo oito dias após a o 5 a 0 sobre o Grêmio. Mas o calendário não dá trégua e, de fato, as duas últimas atuações não foram boas. Estaria o time de Jorge Jesus desgastado fisicamente, emocionalmente ou ainda de ressaca da goleada história na semifinal da Libertadores? Provavelmente um pouco de tudo. Tudo indica que o bom futebol voltará nas próximas rodadas, mas o sinal de alerta, mesmo que discretamente, foi ligado.
No primeiro tempo, clima quente só fora de campo
Impossível analisar o jogo sem citar o ambiente no Serra Dourada. Goiânia parecia viver uma noite de decisão de título. Estádio lotado, dividido meio a meio, torcidas animadas, presença de políticos… Em campo, no entanto, o primeiro tempo não fez jus ao clima.
Apesar de acertar a trave com Pablo Marí aos 4 minutos de jogo, o Flamengo esteve irreconhecível no primeiro tempo. Homens de criação, Everton Ribeiro errou tudo o que tentou na etapa inicial e Arrascaeta quase não foi notado. O Flamengo teve de apelar para os “chuveirinhos”, algo muito raro na gestão de Jorge Jesus.
O time voltou para o segundo tempo mais ligado, mas foi justamente pelo alto que o Flamengo construiu seus gols. Em duas cobranças de escanteio, o Rubro-Negro marcou com Gabigol e Rodrigo Caio e parecia ter liquidado a parada. Realmente o jogo ficou controlado, e o Goiás não dava sinais de reação.
Desconcentração, expulsão e empate no fim
O jogo começou a mudar a 15 minutos do fim. Michael, que vinha incomodando Rodinei durante todo o jogo, cruzou para Rafael Moura marcar. O gol incendiou a torcida esmeraldina, o Serra Dourada pegou fogo e foi difícil segurar a pressão, especialmente após a trapalhada expulsão do goleiro César.
Foi quando o Flamengo, com um a menos, se viu acuado e acabou sofrendo o gol de empate de Michael nos acréscimos. Houve reclamações sobre falta de Rafael Moura sobre Filipe Luís na origem da jogada.
O Flamengo viu a vantagem para o Palmeiras cair para oito pontos, mas ainda há gordura para queimar. É preciso, no entanto, voltar rapidamente a se concentrar no Brasileiro para não deixar um campeonato encaminhado ganhar emoção na reta final.