Há 90 dias à frente do PS, enfermeiro tenta mudar rotina de atendimento no maior hospital do Acre

Areski de Assis Peniche, de 44 anos, é enfermeiro formado pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e pós graduado pela Pitágoras e Fiocruz. Há pouco mais de 90 dias assumiu a gestão do que é considerado um dos maiores calos da gestão Cameli (e das gestões petistas), o Pronto Socorro (PS) de Rio Branco. De lá pra cá, muita coisa mudou.

Peniche diz que sua escolha foi “iminentemente técnica”. Ele era presidente do Conselho Regional de Enfermagem no Acre (Coren) quando foi convidado para assumir o hospital. O gestor conta que a principal dificuldade que encontrou à frente do PS foi o excesso de pacientes na fila de espera. Com quase 900 funcionários lotados no hospital, entre terceirizados e efetivos, ele aponta que encontrou um clima organizacional adverso. “As pessoas estavam mais preocupadas em explicar o porquê não estavam fazendo algum trabalho do que efetivamente fazerem, então passamos a mudar alguns enfoques, agilizando os procedimentos administrativos, o que levou o pessoal a acelerar o trabalho”, disse.

Gestor quer humanizar o atendimento aos pacientes através do exemplo/Foto: ContilNet

Essa simples mudança, segunto o gestor, já conseguiu mudar muita coisa. Ele conta que não existe mais o antigo e conhecido cenário de pessoas esperando no chão e nem em macas improvisadas. Além disso, o gestor afirma que o hospital está há 40 dias sem pacientes na fila de espera para serem atendidos.

“Na observação nós tinhamos pacientes no corredor porque o tempo de permanência era muito alto, o tempo ideal é até 24 horas, mas tínhamos pacientes com até 30 dias em observação, totalmente fora do padrão de um Pronto Socorro. Então nós começamos a gestão buscando leitos na Fundhacre e no Hospital Santa Juliana e reorganizamos o fluxo de atendimento, de modo que hoje os nossos pacientes da observação estão ficando no máximo cinco dias. Temos hoje em torno de 40 pacientes na observação e mais de 20 estão dentro desse prazo de 24 horas”.

Mas para que os atendimentos ocorram ainda mais rápido o gestor faz um apelo. “Nos casos em que efetivamente o atendimento é de Pronto Socorro, como lesões osteomusculares, fraturas, acidentes, facada, queda de altura, paciente que teve um derrame, que está infartando, a pessoa é atendida imediatamente. Mas ainda existem pessoas que ainda procuram o PS por outras situações, como uma dor de cabeça de três dias, uma febre forte de dois dias, que seria caso de UPA, mas as pessoas insistem em vir ao PS. Mesmo assim esse paciente vai ser atendido, mas vai precisar esperar, porque sua prioridade é baixa. A prioridade do PS é salvar vidas”.

Peniche conversa com funcionários para entender as principais dificuldades de cada um/Foto: ContilNet

Outra grande mudança na gestão do enfermeiro é com relação a alimentação, que já chegou até a receber denúncias de larvas em marmitas. “São aproximadamente 2.400 refeições servidas por dia para pacientes, acompanhantes e funcionários. São seis momentos de refeições por dia, e em cada um desses momentos são servidas em torno de 400 refeições. Nós estabelecemos um cardápio e uma política de melhoria da alimentação, começamos a valorizar as cozinheiras e a equipe da cozinha de um modo geral para que o almoço fosse servido de uma maneira diferente”.

O primeiro resultado dessa mudança é o almoço especial servido nas sextas-feiras. “Nesse primeiro momento nós instituímos um almoço especial para funcionários e acompanhantes, já que para os pacientes a dieta é prescrita pela equipe médica. Já chegamos a oferecer feijoada, churrasco, moqueca, estrogonefe de carne e postas de peixe frito, sempre nas sextas-feiras. O detalhe é que isso não aumentou um centavo do custo das refeições, simplesmente mudamos a forma de lidar com o trabalhador e pedimos dele um maior empenho”.

E o gestor conta que não quer parar por aí, ele quer implementar outras melhorias no hospital ainda este ano. “Queremos acabar com os bandejões prontos e implementar o sistema self-service para acompanhantes e funcionários. Fizemos uma mudança do clima organizacional, que é levar um sentimento bom para as pessoas e cobrar que as pessoas estejam inseridas no universo do trabalho de maneira que elas queiram fazer melhor”.

Areski disse que o governador Gladson Cameli quer entregar 88 leitos até o mês de julho do próximo ano. “As obras já começaram e quando o projeto estiver pronto, iremos desafogar muito essa questão de leitos aqui no Pronto Socorro”, disse o diretor.

Governador Gladson Cameli quer inaugurar 88 leitos no PS em julho de 2020/Foto: ContilNet

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