O Acre será contemplado em 2020 com uma série de investimentos ambientais que permitirá despoluir os principais rios e igarapés da bacia hidrográfica do Baixo Acre, que compreende a capital, Rio Branco, e os municípios de Senador Guiomard e Porto Acre, num pacote de investimentos de mais de R$ 131 milhões. Nunca, em nenhum outro tempo, obras desse tipo foram realizadas, inserindo o novo governo Gladson Cameli na vanguarda das políticas de proteção dos recursos hídricos do estado.
O anúncio das novas obras foi feito nesta sexta-feira, 8, no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), por ocasião do lançamento da Comissão Multidisciplinar de Estudos para Despoluição do Rio Acre, dos Igarapés São Francisco e Maternidade e das Bacias Hidrográficas, cuja sigla é Codespo.
Na ocasião, o senador Marcio Bittar, um dos maiores incentivadores para que os rios e igarapés do estado sejam revitalizados, proferiu uma palestra com tema sobre desenvolvimento econômico sustentável e os entraves burocráticos dos dias de hoje.
Os recursos para as quatro obras virão de emendas destinadas no Orçamento Geral da União pelo senador Márcio Bittar e pela deputada federal Vanda Milani e de recursos do banco alemão de investimentos KfW.
A primeira delas é a despoluição do igarapé São Francisco, orçada em R$ 83 milhões em recursos que virão do Ministério do Meio Ambiente e do banco KfW. A segunda, no valor de mais de R$ 22,5 milhões, é fruto de emenda de Bittar no Senado e vai promover obras em três estações de tratamento de esgoto: a do Canal da Maternidade, a da Conquista e da Fundação Hospitalar do Estado do Acre, permitindo que os dejetos não sejam despejados em igarapés que cortam Rio Branco, como os igarapés Batista e São Francisco, por exemplo, que desembocam no rio Acre.
Para complementar esse projeto, R$ 5,5 milhões, também em emendas de Marcio Bittar, serão empregadas na construção de um sistema de controle e regularização de evasão do rio Acre. Das emendas da deputada Vanda Milani, serão investidos R$ 20 milhões para a contenção e urbanização da orla do bairro Quinze. Serão 800 metros de obras no Segundo Distrito de Rio Branco.
Em seu discurso, o governador Gladson Cameli lembrou da falta de sensibilidade dos governos anteriores, dominados por um único grupo político que por 20 anos deixou que o esgoto despejado no Canal da Maternidade fosse lançado ao rio Acre in natura. Ele ressaltou que a política ambiental de seu governo “não é contra a floresta em pé, mas contra a demagogia de que manter a floresta é esquecer que é preciso gerar emprego e renda”.
“As pessoas precisam de emprego, precisam melhorar sua renda, e fui eleito governador para amenizar as dores do nosso povo, de modo que boas práticas como essas, em nossos rios e igarapés, só engrandecem a população que terá mais qualidade de vida”, afirmou o chefe do Executivo acreano, lembrando que, recentemente, esteve no banco KfW para relatar a situação das milhares de famílias que hoje precisam ser incluídas em políticas sociais junto às ações ambientais patrocinadas pela agência de fomento alemã.
“Eu disse para eles que a realidade que trazem para vocês [do banco KfW] não é essa. A nossa realidade é muito diferente do que chega até aqui por outras pessoas, que não entendem que as pessoas precisam sair da condição de miséria em meio à floresta”, ressaltou o governador, lembrando o que tinha dito na Alemanha.
O homem e o clima
O senador Marcio Bittar fez duras críticas ao modelo atual de se pensar a Floresta Amazônica como um território que deve ser mantido intacto incondicionalmente, ainda que cause miséria e estagnação aos povos que vivem no interior dela. “É preciso ter a consciência de que há uma opinião pública formada que está equivocada. Que as mudanças climáticas ocorrem e sempre ocorrerão independentemente da ação do homem, que é responsável apenas por mudar o microclima”, destacou o senador.
E prosseguiu: “O nosso maior obstáculo [para o desenvolvimento econômico regional] é o fato de que eles [todas as organizações, países e pessoas] imaginam que não podemos tocar na floresta”.
“A maior barreira hoje é a opinião pública e essas teias criadas. As pessoas estão programadas a pensar que trocar a vegetação nativa pela cultivo não é sinônimo de riqueza. Mas isso só acontece no Brasil, já que por exemplo, nos Estados Unidos, o ex-presidente Barack Obama mandou perfurar poço de petróleo no Alaska e não houve ONGs dando palpites. Potencializou as explorações de gás de xisto e ninguém se pronunciou”, citou Marcio Bittar.
A Comissão Multidisciplinar de Estudos para Despoluição do Rio Acre, dos igarapés São Francisco e Maternidade e das bacias hidrográficas é composta pelo engenheiro civil Tião Fonseca, diretor-presidente da Administradora da Zona de Processamento de Exportação do Acre; pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Israel Milani; pelo presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre, André Hassem, e ainda pelo presidente do Departamento Estadual de Água e Saneamento, Zenil Chaves, e o secretário de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano, Thiago Caetano.