O ar modorrento e quase bucólico de Capixaba, município do interior do Acre e há 77 quilômetros da Capital Rio Branco, com pouco mais de 11 mil habitantes, deverá ser quebrados na noite da próxima terça-feira (12). Será nesta data que a Câmara Municipal de Vereadores vai se reunir para anunciar o relatório final da CEI (Comissão Especial de Investigação) que investigou a administração do vice-prefeito e prefeito em exercício Antônio Cordeiro, o “Joãoziho” (MDB), acusado de uma série de irregularidades com a contratação e pagamento de servidores que dizem jamais terem prestado qualquer tipo de serviço ao município. É a chamada “CPI do Laranjal”.
A expectativa é de confusão na cidade porque, a depender do conteúdo do relatório, o prefeito deve ou não ser afastado do cargo. A população está sendo convidada pela oposição ao prefeito para lotar as galerias da Câmara Municipal a fim de pressionar vereadores aliados ao prefeito a votarem o relatório a favor do afastamento ou possível cassação de “Joãozinho”.
Durante mais de 40 dias, os vereadores promoveram investigações e colheram depoimentos de envolvidos e acusados de envolvimento nas irregularidades denunciadas. Na última sessão antes da conclusão do relatório, nesta sexta-feira (8), na Câmara Municipal, os vereadores tentaram ouvir os principais implicados no caso – as irmãs Sara e Ruth Frank, assessoras do prefeito, e o secretário municipal de finanças, Márcio Nolasco, o “Marcinho”. Os três compareceram à Câmara acompanhados de uma advogado e preferiram permanecer em silêncio diante das indagações dos vereadores.
“Meus clientes não são obrigados a falar nem tampouco produzir provas contra eles próprios”, disse , durante a sessão, para justificar o silêncio do acusados, o advogado Everaldo Pereira, contratado para defender o prefeito e seus aliados. O relatório produzido pela Câmara Municipal, independentemente de seu conteúdo, deve ser encaminhado ao Ministério Público.
Em Capixaba, há uma autêntica bolsa de apostas sobre o futuro do prefeito em exercício e também sobre como devem votar os noves vereadores. Há quem aposte que o prefeito tem maioria absoluta, no mínimo cinco votos. Votariam com o prefeito os vereadores Teio, Kemer, Marcons, Gilliard e Jorge Capoeira. Com a oposição, votariam os proponentes da investigação, os vereadores Gedão Silva, Geane Silva, Chico Gomes e Rcihard, que vem a ser o presidente da Câmara e que seria o substituto do prefeito caso ele seja afastado. É que Joãozinho está no cargo na condição de prefeito interino graças ao afastamento do prefeito titular, José Augusto, que está fora da Prefeitura há quase um ano, por decisão judicial. Terça-feira, portanto, será um dia diferente para a pacata Capixaba.