A cidade boliviana de Cobija, Capital do Departamento de Pando, na fronteira com os municípios brasileiros de Epitaciolândia e Brasiléia, no Alto Acre, parou, nesta segunda-feira (23), para receber e prestar homenagens a um de seus filhos ilustres, o ex-senador e ex-governador Leopoldo Fernandez Ferreira, após 11 anos de ausência. Este foi o tempo em que ele passou recolhido a uma penitenciária da Capital La Paz após ser cassado e preso por intervenção do então presidente Evo Morales, que renunciou e fugiu do país.
Desde as primeiras horas da manhã milhares de pessoas, todas simpatizantes do ex-senador e ex-governador de Pando, se aglomeravam nas ruas de acesso ao aeroporto da cidade, à espera do ex-preso político. À tarde, quando o avião que trazia o ex-senador aterrissou em solo pandino, a polícia nacional boliviana contabilizou pelo menos oito mil pessoas nas redondezas do aeroporto – todas querendo ver e abraçar Leopoldo Fernandez, que falou pouco com a imprensa para anunciar que, possivelmente, nesta terça-feira (24), concederá entrevista coletiva.
A repercussão do retorno de Fernandez a sua terra natal e às atividades políticas no país no qual ele vinha se apresentando, antes de ser preso, como candidato à presidência, só pode ser comparada ao fato de, porventura, o ex-deputado federal e ex-coronel Hildebrando Pascoal tivesse suas condenações judiciais anuladas e voltasse às atividades políticas de antes de sua prisão. Leopoldo Fernandez era acusado por Morales de liderar levantes contra seu governo e de ter patrocinado a morte de pelo menos 21 bolivianos e por isso era considerado uma espécie de Hildebrando boliviano.
Fernandez é bem conhecido dos acreanos. Ele viveu em Rio Branco nos anos 70 e 80, como jogador de futebol. Jogava pelo Rio Branco Futebol Clube e também tem cidadania brasileira. Ele tem família no Acre. É irmão do cantor Loren, seresteiro do Conjunto L-4, que se apresenta no clube “Saudosa Maloca”, e primo do economista Adalberto Ferreira da Silva, ex-deputado estadual e liderança regional do MDB, além de outros parentes locais.
Em liberdade, Fernandez deverá retomar o projeto interrompido com sua prisão: a presidência da República. Como senador e pré-candidato a presidente, antes de ser preso, ele se opunha à Evo Morales, que por isso teria manobrado a fim de conseguir sua prisão. Com a renúncia e a fuga de Morales, que refugiou-se na Argentina, não só ganhou a liberdade, como o direito de voltar a fazer política.