O paleontólogo Alceu Ranzi, que estudou o tema na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, e é professor aposentado da área da Universidade Federal do Acre (Ufac), foi uma das poucas vozes a não se levantar contra a ideia da secretária de Estado de Turismo e Empreendedorismo. Eliane Sinhasique, de mandar erguer, na entrada da Capital Rio Branco, réplicas de dinossauros como forma de atração de turistas. A ideia foi divulgada pela secretária em suas redes sociais e compartilhada por setores do Governo, mas vem sendo fulminada pelos internautas e a sociedade em geral.

A preguiça gigante é uma das propostas/Foto: Reprodução
Ranzi, no entanto, ponderou que “a ideia de fazer um monumento com réplicas da paleofauna é louvável, educativa e merece apoio”, mas argumentou que a paleofauna acreana é bem mais significativa e poderia tomar lugar às imagens de “bichos importados fora do nosso contexto Amazônico”. De acordo com o professor, o Tyrannosaurus rex, uma das réplicas mais reproduzidas do mundo, é da América do Norte. “Eu não recomendo”, disse. “Esqueçam os Dinossauros que, apesar do seu apelo, são estranhos à realidade Acreana”, acrescentou.
Alceu Ranzi disse que se o governo quer de fato ilustrar as entradas das cidades do Acre com réplicas de animais pré-históricos, poderia recorrer ao próprio Acre. “Os exemplos para as réplicas podem e devem ser buscados junto ao Laboratório de Paleontologia da Ufac”, disse.
No laboratório, segundo Razi, trabalham cientistas que podem muito bem e, com competência, auxiliar na melhor escolha dos animais que representam a Paleontologia do Acre. “Temos exemplares das maiores preguiças terrestres das Américas. Temos ainda o Purussaurus, o gigante Amazônico, coletado no Alto Acre em Assis Brasil, além dos Mastodontes do Juruá e Purus”, afirmou.
Para o professor, se o Governo quer de fato atrair turistas “o caminho e valorizarmos a nossa terra”. Segundo ele, no momento, o Laboratório da Ufac está em executando a escultura de um Purussaurus, através do trabalho da artista plástica Maria Alice Matusiak, que está em plena atividade, e poderia ajudar o Governo do Acre neste projeto.
O professor fala sobre o assunto com a autoridade e quem possui graduação em Geografia pela Universidade Federal do Acre (1978), mestrado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1981) e doutorado em Wildlife Ecology – University of Florida (1991). Além disso, é membro do Conselho Editorial da Acta Amazonica, com experiência na área de Geociências, com ênfase em Paleontologia e Paleoambientes e atua principalmente nos temas Amazônia, Acre, Paleontologia, Paleoambientes e Geoglifos da Amazônia.
Aliás, é ele um dos principais descobridores dos geoglifos, grandes figuras feita no chão (geralmente com mais de quatro metros de extensão), em morros ou regiões planas encontradas no Acre, nos início dos anos 80.. Recentemente, geoglifos foram descobertos na Floresta Amazônica, no Estado do Acre, o que traz novas indagações sobre as civilizações que podem ter habitado a área no passado e feito tais escavações. “Se quiserem atrair pessoas ao Acre, este é um dos grandes temas também”, disse.