Saúde começa cirurgias eletivas pela região de Senador Guiomard

Um drible malsucedido no campinho do bairro foi o sinal de que as coisas não iam bem para Edvan Almeida dos Santos, de 40 anos, pintor de profissão e peladeiro nas horas vagas. E nada de lesão nas pernas, nos joelhos ou muito menos estatelada de cabeça na pelota. Ao sofrer um ‘carrinho’ por trás sentiu o umbigo doer. Saiu de campo. Descobriu uma hérnia. Nesta quarta-feira, 8, chegou a redenção. Uma cirurgia lhe devolveu a saúde. Volta para casa nas próximas 24 horas. São e salvo.

Um ano depois de descobrir o problema, o show de bola, dessa vez, foi da equipe médica da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), ao cirurgiar o campeão – e pelo menos outros cinco pacientes que estavam na fila de espera dos procedimentos eletivos –, aqueles em que o paciente realiza diversos exames antes do procedimento e apresenta condições físicas seguras para ser cirurgiado.

Nesta quarta, o time de médicos e enfermeiros da Sesacre entrou no campo do Hospital Geral Dr. Ary Rodrigues, no centro de Senador Guiomard (cidade a 25 quilômetros de Rio Branco), para corrigir o problema de saúde de Edvan, num esforço coordenado pelo Governo do Estado do Acre, por meio da Sesacre, marcando as primeiras cirurgias eletivas de uma série de centenas a ser realizada no município, todos os dias, a partir de agora.

O objetivo é desafogar a fila das cirurgias médicas da Fundação Hospitalar do Estado do Acre (Fundhacre) e do Novo Pronto-Socorro de Rio Branco.

Segundo ressalta Lamartine Maia Nascimento, diretor-geral do hospital, serão realizadas dez cirurgias em média, por dia, no Ary Rodrigues, atendendo estrategicamente pacientes de ao menos cinco localidades da região: Capixaba, Plácido de Castro, Acrelândia e Vila Campinas e a própria cidade de Senador Guiomard.

“Estamos falando de uma população de cerca de 110 mil pessoas, inclusive a população de Senador Guiomard, que terão como referência o Hospital Dr. Ary Rodrigues”, comemora Nascimento, a quem ele atribui o sucesso da nova empreitada ao governador Gladson Cameli, à senadora Mailza Gomes e ao secretário de Saúde Alysson Bestene. O grande lance foi tornar o hospital geral numa referência estratégica que pudesse dar resposta à espera de cirurgias, algumas de até três anos de espera.

Mas para que isso fosse possível, há três meses a Sesacre revitalizou todo o centro cirúrgico da unidade de Senador Guiomard, inclusive com novos equipamentos, e com as condições ideais para que os profissionais médicos pudessem realizar os procedimentos.

“Agora eu vou poder dar minhas aulas com tranquilidade”, diz professor

As dores eram insuportáveis para o professor Sandro Castro Nunes, 47 anos, morador de Capixaba e diagnosticado com cálculos na vesícula, problema conhecido popularmente como pedras na vesícula.

Afastado da sala de aula, ele teve de cumprir horário na coordenação pedagógica. “E mesmo assim era um martírio”, revela, enquanto é preparado na enfermaria do pré-operatório para a cirurgia.

“Graças a Deus, chegou a minha vez. Não aguentava mais tanto sofrimento. E agora eu vou poder dar minhas aulas com tranquilidade”, destacou. E não houve muita conversa com o educador, justamente para que ele ficasse cada vez mais tranquilo e concentrado antes de ser levado para a sala de cirurgia.

Respeito à dignidade das pessoas é o lema

Conforme Lamartine Nascimento, diretor-geral do hospital, as cirurgias em Senador Guiomard “fazem parte da política de respeito à dignidade das pessoas”, de acordo com o Sistema de Regulação Controlada, o Sisreg, um trabalho da Saúde estadual para acabar com as filas de cirurgias reprimidas.

Na terça-feira, 7, a médica Paula Mariano, secretária-adjunta da Sesacre, já havia anunciado que a Saúde do Estado colocaria em prática um planejamento eficiente para reduzir as filas das cirurgias em municípios que serviriam de centrais para outras cidades. Esses procedimentos acontecerão ao longo de todo o ano de 2020.

Paula Mariano afirmou que no Vale do Juruá, as cirurgias devem começar também agora em janeiro. O mesmo deve acontecer no Vale do Tarauacá e do Envira, nos municípios de Feijó e Tarauacá.

Um aporte de pouco mais de R$ 1 milhão do Ministério da Saúde (MS) também reforçou a agenda de cirurgias eletivas neste mês de janeiro.

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