Câmara Municipal faz sessão extra para cassar prefeito no interior do Acre

A câmara Municipal de Vereadores de Capixaba, município distante 77 quilômetros da Capital Rio Branco, se reúne de forma extraordinária na tarde desta sexta-feira (28), a partir das 16 horas, para votar relatório que pede a cassação do prefeito em exercício Antônio Nogueira, conhecido por “Joãozinho” ou por “O Bode”, do MDB. Vice-prefeito eleito em 2016 na chapa do prefeito José Augusto (PP), ele está interinamente no cargo desde o afastamento do titular, por decisão judicial, há mais de um ano, acusado de uma série de irregularidades. Agora, os vereadores de oposição acusam o prefeito interino de irregularidades bem maiores do que aquelas que teriam sido praticadas pelo prefeito afastado.

Prefeito Joãozinho/Foto: Reprodução

Apesar da ameaça de cassação, o prefeito segue firme no cargo graças a manobras como a compra de vereadores aliados, denuncia a oposição. A vereadora Geane Silva (PSDB), uma dos quatro vereadores proponentes do processo de cassação, denunciou que o prefeito “Joãozinho” desapareceu da cidade levando consigo os vereadores que o apoiam na Câmara. Dos nove vereadores, o prefeito teria manobrado para ter o apoio de cinco – a maioria. Por isso, a reunião da tarde de hoje deve ocorrer com a presença de quatro vereadores da oposição – além de Geane Silva, os vereadores Gedeão Silva (PDT), Chico Gomes (PSB) e o presidente Richard (PSDC).

O quórum de apenas quatro vereadores não seria suficiente para votar o relatório e muito menos aprovar a cassação do prefeito. Por isso, ao saber da reunião extraordinária da Câmara, “Joaozinho” deixou o município na companhia dos aliados, deixando para trás uma cidade sem prefeito para receber, por exemplo, autoridades como o deputado federal Manuel Marcos (PRB). Em visita ao município nesta sexta-feira, onde deveria anunciar a alocação de recursos para o Cras (Centro de Referência e Assistência Social) através de emendas de sua autoria, o deputado federal deixou a cidade sem ser recebido por ninguém.

As acusações contra o prefeito resultam de investigações da Câmara Municipal e da própria Polícia Federal em relação a denúncias da contratação de servidores “laranjas’, que teriam contratos com a municipalidade, não compareciam para trabalhar e os recursos correspondente aos salários acabariam indo parar nas contas dos responsáveis pelas contratações irregulares – o caso das irmãs Sara e Ruth Frank. Mulheres da mais absoluta confiança do prefeito – uma, exercendo a secretaria municipal de assistência social, e a outra a chefia de gabinete da Prefeitura. As irmãs foram apontadas como as responsáveis pelas contratações irregulares e desvios de recursos. As duas foram presas pela Polícia Federal no ano passado e em seguida demitidas pelo prefeito.

Vereadores Geane e Gedeão Silva, de Capixaba/Foto: Reprodução

“Demissões de fachada”, denuncia a vereadora Geane Silva, já que as irmãs Frank continuam dando as cartas na Prefeitura, mesmo que estejam fora da prefeitura, porque o prefeito teria “rabo preso com elas”. Só isso explica – acrescenta a vereadora – a relação promiscua do prefeito com as ex-secretárias presas pela Polícia Federal e demitidas como corruptas. “Uma delas, a Sara, vem anunciando inclusive que será candidata à vereadora com o apoio do prefeito”, acrescentou Geane Silva.

A vereadora garante que, mesmo que a maioria dos vereadores não compareça à sessão, o relatório vai ser lido, ainda que não haja quórum para votá-lo. “Nosso trabalho nós vamos fazer. Vamos ler o relatório, torná-lo de conhecimento público e encaminhar cópias para a Polícia Federal e o Ministério Púbico, pedindo a cassação e o fim da corrupção em Capixaba”, disse a vereadora.

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