Aos 17 anos e após cerca de 14 horas de estudos por dia, a estudante Gabriela Mathias é a mais nova aluna do curso de medicina na Universidade de São Paulo (SP), um dos mais concorridos do país. A jovem, que frequentou durante toda a vida acadêmica escolas públicas em Santos, no litoral paulista, passou ‘de primeira’ em 3º lugar na modalidade escola pública e agora se prepara para o novo desafio.
Gabriela disputou a vaga na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP com 89,04 candidatos, de acordo com a Fuvest. A universidade divulgou que 45% das vagas de cada curso foram reservadas para alunos que fizeram todo o ensino médio em escola pública, como Gabriela. Esse é o terceiro curso mais concorrido da universidade, perdendo apenas para medicina em Pinheiros e Bauru.
Nota 46,50 na redação sobre o papel da ciência no mundo contemporâneo, Gabriela entrou na lista da 1º chamada. Essa foi a primeira vez que a jovem fez a prova e sonhava em ser médica desde pequena por conta da mãe, que se formou aos 36 anos no curso de medicina em uma universidade particular.
A adolescente chegou a fazer um curso específico para redação, mas não chegou a frequentar aulas de cursinhos pré-vestibular. Gabriela contou ao G1 que adquiria conhecimento na escola e, principalmente, em videoaulas na internet.
“Entrei em dois cursinhos e não me adaptei. Eu sabia das minhas dificuldades e queria estudar só o que eu achava que precisava, por isso estudei por conta própria na minha casa. Assistia videoaulas todos os dias, de segunda a segunda, durante todo o dia e ia para a aula do ensino médio à noite.”
Gabriela disse que fazia exercícios de todos os vestibulares pela internet e, após a aprovação na primeira fase, na preparação para a segunda prova, a jovem chegou a ficar mais de 14 horas estudando em frente ao computador. Mas, apesar de todo o esforço, ela não acreditava na classificação.
“Eu fiquei sabendo que tinha passado por causa da minha mãe, foi ela que foi ver a lista. Eu achava impossível passar, tinha certeza que não ia passar e por isso nem fui ver.” Por sinal, aos pais Gabriela disse que deve parte da aprovação. “Eles estudavam junto comigo e a ajuda e apoio deles foi primordial.”
Após a aprovação na universidade, Gabriela fez uma carta de agradecimento à toda equipe que a acompanhou na escola estadual em que fez o Ensino Médio. “Todos os professores eram muito solícitos, tiravam minhas dúvidas sempre. Eu tenho muito carinho pela escola e por todos eles, toda a secretaria. Eles me ajudaram muito.”
Agora, a jovem, que quer se especializar em neurocirurgia, se prepara para ir morar em Ribeirão Preto e começar uma nova fase. Gabriela pretende morar em república, inicialmente, para conhecer o campus. “Estou muito ansiosa, já vimos alguns lugares, apartamentos, mas devo morar em república. Não vejo a hora de começar”, finalizou a futura médica.