20 de abril de 2024

Gladson Cameli se convenceu de que se MDB não é governo, tem que sair

MDB na degola

Fonte palaciana de livre trânsito no gabinete do governador Gladson Cameli acaba de informar ao redator que, no máximo no início da semana que vem, estourando a sexta-feira (14), o chefe do Palácio Rio Branco vai tomar a decisão que deveria ter sido tomada desde que se descobriu a “trairagem”, como se diz no popular: vai demitir todos os membros do MDB que têm cargo no Governo mas não o defendem e tampouco são solidários nos momentos de crise.

Três Mosqueteiros

Justiça seja feita: no MDB, quem de fato apoia o Governo e o governador é o senador Márcio Bittar, as secretárias Eliane Sinhasique e Maria Alice Melo e outros quatro gatos pingados. Com esses três emedebistas, como no caso dos “Três Mosqueteiros”, Gladson Cameli vem podendo contar.

Captador de recursos

E tem contado. Márcio Bittar, por exemplo, vem se revelando o principal captador de recursos em Brasília para que o Governo do Estado toque obras de envergadura, como, por exemplo, este da revitalização do Igarapé São Francisco e intervenções no rio Acre para combater os malefícios das cheias e das secas, a cada ano.

Mandatos com donos

O mesmo não se pode dizer das deputadas Antônia Sales e Meire Serafim, respectivamente, esposas do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, e do atual prefeito de Sena Madureira. Mazinho Serafim. Se ambas não atacam frontalmente o Governo, se comportam como mudas quando o assunto é a defesa de Gladson Cameli. E isso não é por acaso: elas obedecem as ordens dos donos de seus mandatos, seus maridos.

Ficha suja

No caso de Meire Serafim, seria decorrência de mágoas das rusgas de início de governo entre seu marido e o governador. No caso de Antônia Sales a magoa seria por Vagner Sales ter sido sacado do cargo de secretário especial do Governo. Um assessor palaciano me lembrou, neste último caso, o governador está pagando uma conta que não é sua: Vagner Sales foi exonerado do cargo por ser ficha suja.

CPF imaculado

A novidade, neste caso, é que a lei que enxotou Vagner Sales do governo foi aprovada pela Assembleia Legislativa, inclusive com o voto de Antônia Sales, ao ser apresentada por seu companheiro de partido Roberto Duarte. Há quem diga que Antônia Sales votou pela aprovação da lei achando que o governador iria vetá-la ou então passar a mão na cabeça de Vagner Sales, dono de autêntico prontuário e, mesmo assim, um dos emedebistas que, por onde passam, mais sacaneiam o governador Gladson Cameli, logo ele cujo CPF, em quase 20 anos de vida pública, é imaculado.

Novas vitórias

O senador Marcio Bittar tem dito em quase todas suas entrevistas que é pura burrice a antiga oposição ter lutado de 20 anos para retirar o PT do poder e, uma vez conquistando-o, ficarem nessa briga interna que só beneficia quem perdeu às eleições de 2018. Para o senador, o caminho mais correto de toda a “antiga oposição” seria permanecer unida, apoiando o projeto do governador Gladson Cameli. Quem transita pelos bastidores do MDB diz que além de apoiar o Governo do Acre em Brasília, Márcio Bittar tem lutado para aparar essas arestas no MDB e levar o Partido unido para novas vitórias.

As sobreviventes

Da degola dos emedebistas devem escapar apenas as secretárias Maria Alice Melo, do Planeamento e Gestão (Seplag), Eliane Sinhasique, do Turismo e Empreendedorismo e como já disse, mais quatro gatos pingados. As duas, mesmo orgânicas do Partido, não concordam com as críticas dos emedebistas ao Governo e ao governador em particular. ´Por conta disso, Sinhasique, aliás, só não saiu ainda do partido porque é primeira-suplente de deputada e, se saísse, perderia a possibilidade de vir assumir o mandato em caso de licença de um dos três deputados da sigla – Antônia Sales, Meire Serafim e Roberto Duarte.

Relações estremecidas

A crise das emedebistas que estão firmes com o Governo e seus correligionários que o criticam pode ser aquilatada pelo comportamento de Maria Alice em relação ao primo Flaviano Melo, deputado federal e presidente do MDB regional, cujas relações pessoais já não seriam como antigamente, e ainda pelo fato de Eliane Sinhasique, mesmo sendo a principal beneficiada em caso de uma vitória de Roberto Duarte para a Prefeitura de Rio Branco, ainda assim não estaria, segundo fontes do próprio MDB, disposta a fazer campanha para o parlamentar.

No colo de Flaviano

A se confirmar a degola dos cargos do MDB no governo, quem de fato sairá perdendo será Flaviano Melo, o dirigente do MDB regional que se comporta como aquela parte do pai nosso que só quer o “venha nós” e ao “vosso reino” nada. O entendimento de fontes ligadas ao governador é que, se ele quisesse, estancaria essa sangria de críticas ao governo feita por parlamentares e seus seguidores. Como Duarte vive se gabando de não ter indicado ninguém para cargos no Governo, e do que resultaria sua pseudo-independência no parlamento, a corda vai esticar e quebrar para o lado de Flaviano Melo.

Bruzugu na guilhotina

Um dos primeiros atingidos com a degola do MDB no Governo será Pádua Bruzugu, dirigente da Funtac (Fundação de tecnologia do Acre) e seguidor de Flaviano Melo desde que o atual deputado, ex-governador e ex-senador apareceu em Rio Branco como prefeito biônico, em 1984. Por isso, degolar o Bruzugu é atingir também o pescoço de Flaviano Melo, que seria “dono” de outros cargos no governo mas nada faz para defendê-lo.

Só pensa em 2022

Há quem diga que o comportamento frio de Flaviano Melo em relação ao Governo é porque, como a personagem humorística da TV que só pensava “naquilo”, ele já pensa em 2022, quando o MDB pretende, como agora em 2020, para a Prefeitura, ter candidato próprio ao Governo. Um aliado do governador observou: se o MDB quer fazer carreira solo, o que é um direito deles, que o faça, mas fora do Governo, entregando todos os cargos.

Choro e ranger de dentes

As demissões vão eclodir dentro do diretório do MDB porque, afinal, quem foi nomeado e tinha planos de permanecer até o final do Governo, não vai aceitar a exoneração por causa do comportamento dúbio dos dirigentes emedebistas. Vai haver choro e ranger de dentes.

As mesmas caras

Um dirigente de Partido novo com atuação no Acre, que foi filiado ao MDB em 1984 que deixou a sigla recentemente, comentou outro dia ter recebido a visita dos dirigentes de seu ex-Partido e ficou surpreso ao perceber que eram a mesmas pessoas de quase 40 anos atrás. “Observei que eram as mesmas pessoas, nos mesmos cargos, nas mesmas funções. O que não estavam ali eram porque haviam morrido.

“Primeiro os meus…”

Este é o MDB, partido pouco preocupado em renovar lideranças e apenas em preservar os espaços daqueles que o dirigem. O típico caso do adágio popular do “primeiro os meus…”.

Um MDB diferente

Mas, sinceramente, o MDB do Acre é bem diferente do nacional. Enquanto o MDB nacional ficou notório pelo apego aos cargos e aos governos, quaisquer governos, no Acre os emedebistas fazem … doce em relação ao Governo. A fama de governista do MDB pode ser medida pelo fato de o ex-senador Romero Jucá ter sido líder do Governo no Senado de quatro governos diferentes – Lula (dois mandatos) Dilma (um mandato e meio) e o restante de Temer – quase 20 anos de poder. E faziam jus aos cargos porque os emedebistas do MDB nacional defendiam o governo – a exceção só se deu no governo de Dilma, quando todos começaram a se bandear para o lado do vice Michel Temer.

Pura covardia

Já no Acre, o Partido, que ajudou a eleger o governador, é governo mas finge que não é. Isso só tem uma definição: covardia. Ou no mínimo, má intenção de quem acha que o povo é bobo e não percebe essas artimanhas, de quem se beneficia com cargos mas posa de oposição, para se dar bem.

Pede pra sair

Se uma pessoa ocupa um cargo de confiança em qualquer governo, no mínimo tem que defender o governador. Se está incomodado tem que ter dignidade e pedir para sair.

Ação do conselho

A decisão do governador de exonerar os cargos do MDB na próxima semana já deve fazer parte da primeira ação do conselho político recém-formado para auxiliar o gabinete civil, que inclui ex-deputados como Nelson Sales, Elson Santiago, Osmir Lima e outros. Os membros do conselho, no mínimo, fizeram o governador ver que quem é governo, o defende; quem não é, tem que ficar de fora.

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