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“O bandido tem que saber que sua ação tem limites”, diz governador, em reunião

Por TIÃO MAIA, PARA O CONTILNET

O governador Gladson Cameli admitiu, na manhã deste domingo (9), em Rio Branco, momentos antes de entrar para uma reunião com os demais chefes de poderes e autoridades federais e estaduais para debater a violência e a situação da segurança pública no Acre, que a situação no Estado é bem pior do que a que é divulgada e que chega ao conhecimento da população. “Nós temos informações de coisas terríveis, de que famílias inteiras estão sendo massacradas e que a população acreana está de fato atemorizada enquanto os bandidos batem palmas”, disse o governador. “Isso vai ter que acabar”, afirmou.

O Governo do Estado, por meio de Gladson Cameli, lançou o “Programa Acre pela Vida”, que é ao mesmo tempo uma campanha e um programa que deve envolver todos os órgãos estaduais e federais, além dos demais poderes e a sociedade, incluindo as igrejas. “Eu sei do papel fundamental das igrejas e estou pronto para ajudá-las nesta cruzada”, disse.

De acordo com o governador, além disso, o programa tem que agir de forma transversal, com ações de educação, esporte, lazer, cultura, moradia e emprego. “Temos que ter ainda todo o esforço de todos os poderes e a contribuição da sociedade para que unamos forças e cumprir o que estabelece a Constituição Federal no artigo 144”, disse.

O Artigo 144 da Constituição Federal diz que Segurança Pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. A partir do Programa “Acre Pela Vida”, o governo vai adotar um conjunto de ações preventivas e repressivas, envolvendo todas as unidades do governo, demais poderes de Estado, Ministério Público, órgãos federais, prefeituras, entidades não governamentais e a sociedade civil, além do Exército Brasileiro e o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O objetivo é reduzir e controlar a criminalidade violenta nos 22 municípios do Estado do Acre. Com a repressão, o Acre pela Vida tem como finalidade reduzir as mortes violentas letais intencionais, que levam a sigla MVI, além de racionalizar e modernizar o sistema penitenciário e combater de forma integrada a criminalidade organizada transnacional.

De acordo com o plano, a parte preventiva se dará pelos três níveis de prevenção: a primária, secundária e terciária, visando alcançar uma cultura de paz: educação, cultura/arte, esporte/lazer, por meio da interação entre a polícia comunitária, como medida de engajamento social e convivência no território; mediação de conflitos e autocomposição; campanhas educativas; acompanhamento de egressos, entre outras.

O “Acre pela Vida” será implementado prioritariamente em comunidades com maior incidência de registro de crimes contra a vida; comunidades sob o domínio de organizações criminosas e comunidades de origem da população carcerária e socioeducativa. Além disso, serão realizadas ações no âmbito dos presídios e unidades socioeducativas.

Gladson Cameli disse ainda que o objetivo do “Acre pela Vida” é o chamar a atenção, reconhecer e ter a humildade de que no Acre há este problema da violência. “Eu estou pedindo apoio de todos. O que não posso é ficar de braços cruzados esperando que esses problemas cessem por si mesmo. O que estou fazendo é o que posso: reestruturando as nossas polícias e o sistema de segurança e estamos preparando um pacote de obras que possa gerar emprego e renda porque gerando emprego e renda diminui e melhora os índices da segurança”, disse.

O governador afirmou ainda ter consciência de trais problemas não começaram em seu Governo, mas, mesmo assim, não está fugindo de sua responsabilidade como chefe de Estado. “O homem da segurança sou eu”, disse Gladson Cameli quando alguém o lembrou de que, desde a campanha eleitoral, ele havia anunciado que o vice-governador Wherles Rocha, por ser oficial da Reserva Remunerada da Polícia Militar, seria o responsável pela gestão do sistema. “Ele não está aqui porque está em outra agenda oficial fora do país, porque esta pauta da integração do nosso país com os nossos vizinhos também é fundamental”, disse referindo-se a Major Rocha.

Gladson Cameli disse ainda que a ordem em seu Governo é tratar tudo às claras, mesmo que os números da violência sejam negativos em relação à gestão. De acordo com as estatísticas, só em 2020, de janeiro até este domingo, 9 de fevereiro, o número de crimes contra a vida já beirem a casa dos 50, com a média de quase dois mortos por dia, com a maioria dos casos registrados na Capital. “Não vou deixar de externar isso para a sociedade ou querer passar uma imagem que não existe. Mas digo que é uma situação em que o Estado está atento. Estou tomando as providências e isso aqui é a prova disso. Com muita humildade estou pedindo o apoio de quem está nos acompanhando, pedindo o apoio da imprensa, estou pedindo o apoio dos parlamentares, do Judiciário, dos executivos municipais e, principalmente, do federal. O que não dar é para ficar com a meia coberta. Ou é 8 ou Oitenta. Já passou tempo demais. Quem foi omisso e eu não vou ser omisso em relação às decisões que tenho que tomar como chefe de Estado”, acrescentou.

Para Gladson Cameli, a questão da segurança é uma situação que, se não tiver uma ação em conjunto, entre governo do Estado, governo federal e todas as instituições envolvidas num único propósito, com a presença imediata nas fronteiras, sairá do controle. “Além disso, precisamos e também o apoio da sociedade e instituições, inclusive – e estou trabalhado nisso desde a semana passada – com um planejamento em que a gente possa fazer um grande trabalho social envolvendo as igrejas, apoiando. As igrejas têm um trabalho social importantíssimo que eu sempre defendi e que o Estado precisa melhorar, enfim, para que possamos melhorar tudo”, afirmou.

O governador que embarca para Brasília nesta segunda-feira (10) para acompanhar, no âmbito do governo feedral, um gabinete de crise montado exclusivamente para discutir a situação do Acre. “Ao término desta reunião, estou pedindo para que possamos agir possamos agir imediatamente. “Eles vão nos dar este apoio porque eu disse para o presidente da República que não nos interessa apoio no final do ano. Precisamos agora porque é de vidas humanas que estamos tratando”, disse. “E não é só de dinheiro que precisamos para combater o crime. Precisamos de estrutura, de reforço em várias áreas”, acrescentou.

Gladson Cameli deixou a reunião acenando para policiais, civis e militares, para que eles ajam sem medo de punições. “Eu prometo que os nossos policiais terão segurança jurídica para agirem”, disse o governador ao revelar que comunga das ideias do governador fluminense Wilson Witzel de que todo bandido armado tem que ser encarado como inimigo de guerra e eliminado. “O bandido tem que saber que tem limite e que o limite é o poder do Estado. Digo aos nossos policiais que se eles tiverem que subir [o tom da ação], devem subir”, disse o governador ao defender que o Acre, a exemplo do Rio, também faça busca e apreensões, com mandados expedidos pela Justiça, bairros e outros logradouros públicos.

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