Com as forças de segurança do Estado fechando o cerco às facções e contra o crime organizado na Capital Rio Branco, os bandidos, ao que tudo indica, estão se deslocando para o interior do Estado. Um dos municípios onde está havendo maior número de ocorrências policiais desde que as ações policiais se intensificaram na Capital é Manuel Urbano, às margens do rio Purus, distante cerca 230 quilômetros, onde a presença das forças de segurança é reduzida e sem policiamento ostensivo.
Para muitos moradores. Manuel Urbano está, para usar uma expressão popular, como o diabo gosta. Anteriormente, um local isolado e bucólico do interior do Acre, o município, com uma população estimada em 9.336 habitantes, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2018, agora mais parece uma sucursal do inferno e aos poucos está se tornando uma localidade perigosa. Nos últimos dias, a partir da última quinta-feira (20), membros de facções criminosas voltaram a se enfrentar em pleno centro da cidade, deixando dois jovens gravemente feridos a tiros. Além disso, os membros das facções determinaram uma espécie de toque de recolher, proibindo a presença de pessoas nas ruas e até mesmo em bares, restaurantes e locais de festas foram obrigados a fechar as portas mais cedo. Há duvidas se haverá carnaval de rua na cidade porque as pessoas estão com muito medo de sair de casa.
O prefeito da cidade, Tanísio de Sá (MDB), disse que jamais viu a cidade tão triste. “A gente trabalha, recuperamos ruas, cuidamos do lixo, devolvemos a cidade a sua devida importância, mas, infelizmente, a violência também chegou aqui”, admitiu o prefeito.
Na região da chamada baixada, na periferia da cidade, nas últimas horas, dois jovens foram baleados e socorridos a unidade mista de saúde e, posteriormente, encaminhados ao pronto socorro de Rio Branco. Durante as tentativas de execuções, moradores da rua Presidente Castelo Branco ficaram em pânico em decorrência de muitos tiros disparados pelos criminosos, que continuam impunes.
Além disso, facções criminosas enviaram um recado determinando o fechamento de bares da região Central, onde ocorre a venda deliberada de entorpecente por traficantes, segundo moradores. Sem outra alternativa, os proprietários obedeceram às ordens dos criminosos e fecharam as portas bem mais cedo.
Na única unidade mista de saúde da cidade, há registros de assaltos pela parte da noite. Os faccionados invadem o local e levam os pertences dos funcionários e de quem estiver no momento, mesmo em se tratando de doentes acamados nas macas.
Um dos crimes mais brutais registrados em Manuel Urbano ocorreu no mês passado, quando um jovem de aproximadamente 19 anos foi esquartejado e jogado dentro de um igarapé, vítima de integrantes de uma organização criminosa. Com pouco policiamento e nenhuma operação policial para reprimir a criminalidade, moradores ficam amedrontados e vivendo em meio ao fogo cruzado de dois grupos rivais que dividem o tráfico de entorpecente na cidade.
Nesta semana, um ônibus da madeireira Agro Cortex foi destruído pelo fogo, durante a madrugada. Há suspeita que o incêndio tenha sido criminoso.