Prefeito pode ter mentido ao dizer a vereadores que viajaria a tratamento de saúde

A sessão extraordinária da Câmara Municipal de Capixaba, município distante 77 quilômetros da Capital Rio Branco, que deveria ter sido realizada na noite de sexta-feira (28), foi adiada para este sábado (29), quando os vereadores devem analisar se cassam ou não o mandato do prefeito em exercício Antônio Nogueira, conhecido por “Joãozinho” ou por “O Bode”, do MDB.

A reunião teria sido adiada em função de manobras do prefeito, que agora poderá responder também por falsidade ideológica, falso testemunho e fraude processual, já que, naquela noite da reunião, mandou documentos à Câmara alegando viagem emergencial, para Porto Velho (RO), a tratamento de saúde, enviando inclusive cópia do bilhete de passagem de ônibus adquirido em seu nome junto à Empresa Eucatur e, na hora em que deveria estar embarcado e viajando, foi visto num velório e depois abastecendo o carro num posto de gasolina da cidade. Os vereadores se reúnem para tratar dos assuntos em sessão extra no início da noite deste sábado.

Vereadores de Capixaba querem o afastamento do prefeito

Fontes do ContilNet em Capixaba revelaram que a mentira da viagem emergencial do prefeito seria uma manobra para neutralizar o presidente da Câmara, vereador Richard Lima de Oliveira (PSDC), que estaria inclinado a votar com a oposição pela cassação do prefeito. É que o presidente da Câmara é o vice-prefeito natural da cidade, já que “Joãozinho”, eleito vice-prefeito em 2016, exerce o cargo de forma interina a partir do afastamento do prefeito titular, José Augusto, afastado do cargo por ordem judicial há mais de um ano. No exercício do cargo de prefeito, Richard seria impedido de votar e de presidir a sessão da Câmara que pode resultar na cassação de “Joãozinho”. O substituto de Richard na Câmara é o vice-presidente Jorge Capoeiro (PT), que, a despeito de suas ligações com lideranças petistas como o ex-governador e ex-senador Jorge Viana, é aliado do prefeito “Joãozinho” e estaria disposto a votar contra o relatório ou até mesmo usar a prerrogativa de não abrir a sessão.

Pedido de afastamento do prefeito

O presidente Richard Lima disse ao ContilNet, na manhã deste sábado (29), que a informação de que o prefeito mentira em relação à viagem emergencial era surpresa e que estava estudando com sua assessoria jurídica se deveria assumir ou não o cargo de prefeito. “Confesso que ainda não sei o que fazer”, disse.

O prefeito “Joãozinho” é acusado por uma comissão processante da Câmara que, em 90 dias, levantou informações de irregularidades na Prefeitura. Entre as irregularidades, operações, com pagamentos vultosos, a uma empresa de contabilidade fantasmas com sede em Xapuri e a contratação de servidores “laranjas”. A Comissão Especial de Investigação (CEI) foi chamada de “CPI do Laranjal” porque os vereadores encontraram pessoas contratadas pela Prefeitura, não trabalhavam e os recursos correspondentes ao que deveriam ser seus salários, iam parar nas contas de pessoas próximas ao prefeito. Fazem parte da CEI processante os vereadores Chico Gomes (PSB), Gedeão Santos (PDT) e Geane Silva (PSDB).

Entre estas pessoas investigadas pela CEI estavam as irmãs Sarah e Ruth Frank, ambas então com cargos de confiança no gabinete do prefeito. Investigadas e presas pela Polícia Federal na sede da superintendência do órgão em Rio Branco durante semana, e, novembro do ano passado, elas foram soltas sob o pagamento de fiança arbitradas pela Justiça em R$ 10 mil, cada uma. Enquanto as irmãs estavam presas, o prefeito “Joãozinho” as responsabilizou pelas irregularidades e anunciou a demissão de ambas.

A passagem do prefeito foi comprada em uma agência de Rio Branco

 

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