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Sumiço de Fabrício completa 10 anos e ainda não se sabe o que aconteceu

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

16 de março de 2010, 21 horas, uma terça-feira. Aquela seria mais uma noite tranquila na pacata cidade de Rio Branco, capital do Acre, numa época em que ainda não se ouvia falar de guerra de facções entre jovens rivais – um fenômeno que só começaria três anos depois. Além disso, com os membros do esquadrão da morte que seriam liderados pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal presos e dominados desde a década anterior, Rio Branco fazia jus à condição bucólica de um cidade tranquila do interior do país – menos para uma família.

Para a família do adolescente Fabrício Costa aquela é uma noite que ainda não terminou. Então com 16 anos, o adolescente foi visto pela ultima vez naquela noite, e naquele horário, ao sair de um curso de informática no centro de Rio Branco e cujas imagens de câmeras de segurança foram capturadas no momento em que ele passou por catracas do Terminal Urbano para embarcar num ônibus da linha Conjunto Esperança, bairro em que vivia com a família, entre as quais a mãe adotiva, dona Ruth Rebouças. Ela, como os demais membros da família, continua destroçada pelo desaparecimento.

Embora dois homens – Edvaldo Oliveira e Leonardo Leite Oliveira – tenham sido presos e condenados a 28 anos de prisão pelo desaparecimento do rapaz, que teria sido assassinado e jogado no Rio Acre, aquela noite ainda não terminou para dona Ruth e demais familiares porque o cadáver nunca foi encontrado nem a motivação do crime foi esclarecida. Fabrício era apontado como um rapaz de bom comportamento, sem vícios e cumpridor de seus deveres, que gostava de estar em casa, com os familiares.

Dez anos depois, sem uma confissão mais detalhada dos acusados, o sequestro seguido da possível morte ainda é envolto em mistério. Oito pessoas foram indiciadas e quatro chegaram a ser presas pelo crime, mas dois foram inocentados por falta de provados e apenas Edvaldo e Leonardo Oliveira foram condenados em 2012.

A mãe adotiva do adolescente ainda tem esperança de encontrá-lo. Como seu corpo nunca foi encontrado, ela acha que ele estar vivo. Um dos presos  afirmou ter jogado o corpo de Fabrício no rio Acre e o depoimento levou a polícia, inclusive a Federal, a produzir provas técnicas neste sentido. Uma reconstituição do crime foi realizada no dia 10 de julho de 2011, às margens do rio, próximo à ponte de concreto sobre o rio Acre, na parte localizada na Rua Marechal Deodoro, sob o acompanhamento do Ministério Público.

Na época do desaparecimento, como meio de não deixar a polícia e outros órgãos de segurança a não se esquecerem do caso, como também acontecia com sua família, uma placa com a contagem de dias sem Fabrício foi instalada no centro da cidade, no cruzamento das ruas Benjamim Constant e Getúlio Vargas, a poucos metros da sede do Governo do Estado, o Palácio Rio Branco. A irmã de criação de Fabrício, Raquel Cristina, era a responsável pela atualização dos os números diariamente.

Uma década depois, até a placa com a contagem desapareceu. Fabrício Costa virou apenas um número na estatística de desaparecidos no país. Um número apenas.

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