Detido desde sexta-feira na Agrupación Especializada da Polícia Nacional do Paraguai, presídio de segurança máxima localizado em Assunção, capital do país, Ronaldinho Gaúcho tem se recusado a comer a mesma refeição que é servida aos outros quase 200 detentos que também estão no local. O ex-jogador e o seu irmão, Assis, só se alimentam com a comida comprada em restaurantes e levada pelos seus advogados.
“É, até certo ponto, compreensível. Ele está muito abatido de estar aqui”, contou ao Estado o inspetor Santiago Cuenca, responsável pela segurança do presídio.
Ronaldinho tem também ido com frequência à cantina que fica dentro da cadeia para comprar garrafas de água gelada. Faz muito calor nesta época do ano em Assunção e a água levada pelos seus advogados não demora a esquentar. Nesta quarta-feira, por exemplo, a temperatura na capital paraguaia chegou a 40ºC por volta do meio-dia. Os relatos são de que Ronaldinho e Assis passam o dia de bermuda, camiseta e chinelos.
Além de comida, os advogados levaram repelente de mosquito para Ronaldinho e seu irmão. O presídio fica em uma região arborizada, próxima do Rio Paraguai, e há muitos insetos.
Ronaldinho e o irmão dividem uma cela equipada com televisão e ventilador. O banheiro, no entanto, é comunitário e os brasileiros o dividem com outros detentos, entre eles políticos e policiais acusados de corrupção. Os presos mais perigosos estão em outra ala do presídio.
Em frente à cela dos brasileiros, há um pátio externo para convivência entre os presos. Se no seu primeiro fim de semana preso Ronaldinho chegou a passar um bom tempo no local e a dar autógrafos, a rotina mudou nos últimos dias.
“Ele tem procurado ficar mais quieto, dentro da cela. Parece estar triste, não querendo muito contato com os outros”, disse Cuenca. Está sendo realizado um torneio de futebol no presídio. Ronaldinho e Assis (que também é ex-jogador profissional), no entanto, não estão participando da disputa.
Esta quarta-feira foi dia de visita no presídio. Pela manhã, Ronaldinho e seu irmão receberem seus advogados. “Fizemos um acordo de confidencialidade com nosso cliente e, no momento, não estamos autorizados a fazer declarações”, disse ao Estado Adolfo Marín.
Quem também esteve na cadeia foi o jogador paraguaio de futevôlei Fernandito Lugo e seu amigo Adam Acepar. Eles conheceram Ronaldinho em um torneio disputado no Rio e foram prestar solidariedade ao brasileiro. “Ronaldinho parece bem. Está em um lugar bem equipado, não lhe falta nada. Ele é uma boa pessoa”, disse Lugo.
Ronaldinho e o irmão tiveram o pedido de transferência para prisão domiciliar negado na terça-feira. A Justiça determinou que eles precisavam permanecer em um presídio durante a investigação. O inquérito que apura um possível esquema internacional de falsificação de documentos pode durar até seis meses para ser concluído, de acordo com as leis paraguaias.
CORONAVÍRUS
O Estado apurou que médicos foram à cela de Ronaldinho e Assis nesta quarta-feira para medir a temperatura de ambos. O procedimento foi realizado em todos os detentos como parte da verificação dentro do presídio para descobrir se há algum preso com suspeita de coronavírus.
Nesta quarta-feira, as autoridades paraguaias decidiram suspender eventos e shows públicos e privados, além de atividades em locais fechados, como cinemas, teatros, clubes e cassinos. Eventos esportivos têm de ser realizados sem a presença de torcedores e as atividades escolares estão suspensas por um período de duas semanas. O Ministério da Justiça não proibiu visitas nos presídios, mas médicos estão fazendo o controle na entrada de cada penitenciária para identificar visitantes com problemas respiratórios.