“A fome não espera por decreto”, diz sindicalista sobre crise enfrentada por camelôs

Após o decreto que prorrogou o prazo de isolamento social no Acre, bem como estabeleceu limite para o funcionamento de estabelecimentos em todo o estado, por conta da pandemia do coronavírus, o presidente do Sindicato dos Camelôs e Feirantes (Sincaf), José Carlos Juruna, disse que alguns comerciantes do Camelódromo do centro de Rio Branco estão passando fome, pois não conseguem vender seus produtos para sustentar a casa e a família.

“Essa frase ‘fique em casa’ é muito bonita, mas não resolve a situação de centenas de famílias que estão passando fome por não conseguir vender suas mercadorias”, disse à nossa reportagem, nesta sexta-feira (3).

Juruna disse que os representantes do estado e do município não apresentam soluções para o caso – o que, de acordo com ele, dificulta ainda mais a situação.

“É só prorrogação de prazo. A situação piora a cada dia. Estamos (quem pode, é claro) ajudando uns aos outros com comida, água e outras coisas”, explicou. “É difícil pedir pra ficar em casa quem vende o almoço para comprar a comida. A fome não espera o fim do decreto”, continuou.

Em uma coletiva de imprensa que aconteceu nesta quarta-feira (1), o governador Gladson Cameli e a prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, decidiram prorrogar o isolamento até o próximo dia 19.

Nossa reportagem entrou em contato com a prefeita, para saber quais medidas estão sendo tomadas nesse sentido, para ajudar os donos de lojas do camelódromo.

Neri destacou que “o decreto é estadual e justifica-se em razão da emergência pública em saúde que estamos vivendo. Numa situação assim a primeira preocupação é salvar vidas”.

“Quanto aos impactos sociais e econômicos da restrição de funcionamento de algumas atividades, temos acompanhado as articulações com o Governo Federal visando medidas mitigadoras. Como é do conhecimento de todos, o Governo Federal já anunciou uma medida de apoio financeiro ao trabalhador informal, no valor de R$ 600 por três meses”, comentou a gestora.

A prefeita enfatizou também que a crise será sentida pelos entes públicos, que já enfrentavam escassez de recursos. “Agora, à medida em que produção e consumo diminuem, as receitas cairão mais ainda”, salientou.

“Estamos analisando de que modo a Prefeitura apoiará os cidadãos mais vulneráveis, mas ainda não temos solução”, finalizou.

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