Artigo: De novo, PT?!

É incrível ver a insensibilidade política do PT do Acre que, através de mais uma nota estapafúrdia – ainda não me sai da cabeça aquela redigida contra a ex-deputada Leila Galvão -, tenta condenar a prefeita Socorro Neri por não parar para discutir com a direção do partido a respeito de candidatura à reeleição. Não entendo como não percebem que esse não é o momento para esse tipo de discussão e, muito menos, para trazer esse tema a público. Afinal, lendo a nota integralmente e levando em consideração as ressalvas quanto à pandemia, o que se vê é que o PT está preocupado, apenas, com as questões eleitorais. E não há como negar isso!

O PT usa como argumento os prazos eleitorais. No entanto, não se sabe sequer se haverá eleições municipais esse ano. Aliás, essa é a discussão prioritária que o PT deveria estar à frente. Não há clima nem condições objetivas para eleições. Até outubro, quando se realiza o pleito, ainda estaremos vivendo a crise causada pela pandemia de covid-19, ainda estaremos lamentando nossos mortos, ainda estaremos em esforços para retomar a economia, anda estaremos buscando reerguer o sistema de saúde que sofreu ou ainda sofrerá (espero que não) com a mais grave crise de saúde mundial da história recente.

Defender eleições diante disso tudo não mostra só insensibilidade, mas, principalmente, uma incomensurável gula pelo poder. O PT dos grandes ideais políticos, o PT que tanto lutou pelos direitos dos cidadãos, dos trabalhadores, não pode se resumir a um partido de eleições.

O que posso dizer, afinal, é apenas que lamento muito. Lamento pela insensibilidade, pela incapacidade de evitar esse tipo de exposição pública desnecessária que só contribui para denegrir a história tão bonita que o PT tem na política brasileira.

Quanto à prefeita Socorro Neri, não creio que ela vá dar atenção à nota do PT. Creio até que nem tenha tempo para isso. Ela, assim como os demais gestores públicos de todo o País, está com a cabeça nos números da pandemia; está temendo que valas comuns sejam abertas nos cemitérios para enterrar as vítimas da doença; preocupada com as consequências do necessário isolamento social na economia; temerosa de como vai lidar com a baixa arrecadação de tributos e com as demandas urgentes que se somam a cada dia.

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