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BBB 20 bate recordes, consagra mulheres e discute feminismo e racismo

Por FOLHAPRESS

Manu Gavassi, Rafa Kalimann ou Thelma Assis. Quem será a grande campeã da edição comemorativa do Big Brother 20? Independentemente de quem o público escolher para levar o prêmio de R$ 1,5 milhão nesta segunda-feira (27), a Globo comemora o sucesso da atual temporada, que já é considerada histórica ao bater recordes, consagrar as mulheres e discutir temas como feminismo e racismo.

O resultado se reflete na audiência, que teve média de 24 pontos no PNT (Painel Nacional de Televisão), quatro a mais que o BBB 19 (cada ponto do Kantar Ibope equivale a 260.558 domicílios). “O clima de Copa do Mundo, com pessoas gritando nas varandas foi algo que me surpreendeu muito”, diz o apresentador Tiago Leifert.

É claro que a quarentena adotada em grande parte do país por causa do novo coronavírus em meados de março deu uma forcinha ao programa. Sem novelas, programas inéditos e campeonatos de futebol, o Big Brother se tornou a única novidade para se ver na TV aberta.

Mesmo antes do isolamento social, porém, o reality já vinha dominando as conversas nas redes sociais, nas ruas e nas famílias. O que pode explica isso? Um conjunto de fatores. A começar pelo principal diferencial da atual temporada que foi misturar famosos e anônimos na casa.

A estratégia não é exatamente nova. No início dos anos 2000, o SBT fez a Casa dos Artistas e a Record, desde 2009, leva ao ar A Fazenda, com famosos, em sua maioria, bem longe do auge. A Globo foi por um caminho semelhante. Quis chamar influenciadores digitais e youtubers com o objetivo de atrair um público mais jovem.

Conseguiu alguns nomes de peso como Bianca Andrade, conhecida do público como Boca Rosa, Rafa Kalimann, Mari Gonzalez e o hipnólogo Pyong. E colheu os frutos dessa combinação entre anônimos e famosos logo no início com o tão comentado Teste de Fidelidade, o principal marco do BBB 20.

Foto: reprodução

Ao avaliar que seria muito difícil vencer em um Paredão contra participantes que já tinham milhões de seguidores fora da casa, o jogador de futebol Hadson lançou a estratégia de usar Lucas para seduzir as famosas casadas do programa. Desta forma, elas se queimariam diante do público.

O que eles não contavam é que duas anônimas, Marcela e Gizelly, não concordariam com a tática e contariam tudo para as outras sisters. A partir daí o que se viu foi a união das mulheres contra os homens, que foram eliminados um a um.

Mas nem tudo foi tão simples para o BBB feminista. Polêmicas fora da casa também alimentaram e contribuíram para o sucesso do programa. Acusado de assédio, o ginasta Petrix Barbosa foi o segundo eliminado da disputa, causando indignação e tristeza às sisters, que não entenderam o motivo de ele ter sido rejeitado pelo público, e Hadson seguir no jogo.

Na mesma noite, porém, entraram no programa dois novos participantes escolhidos da Casa de Vidro: Ivy e Daniel. Com informações privilegiadas de fora, eles mudaram todo o desenrolar do reality ao confirmarem a veracidade da estratégia do Teste de Fidelidade.

Dinâmicas mais ágeis e surpreendentes, além do Big Fone e de castigos do Monstro e provas que homenageavam outras edições foram outros pontos altos desta edição e que ajudaram o jogo a não ser denominado apenas por um grupo, ainda que isso tenha acontecido em parte do tempo com a hegemonia da Comunidade Hippie, liderada por uma fortalecida Marcela e pelo estrategista Pyong.

Uma delas foi a Prova Bate e Volta, disputada após o Paredão e que permitia a um dos emparedados se safar da berlinda. Outra novidade foram as possibilidades de contragolpes frequentes. Em alguns paredões, o mais votado da casa ou o escolhido pelo Líder tinha o direito de indicar outra pessoa para ir à berlinda. O Jogo da Discórdia, comandado às segundas por Leifert, ajudou a alimentar conflitos entre os participantes, assim como as já famosas brigas por comida e as festas regadas a muito álcool.

Fonte: reprodução

Diferentemente de outras edições, a atual não teve um grande romance. O casal Gabi Martins e Guilherme não decolou, mas a história rendeu audiência, já que ele parecia mais interessado em Boca Rosa. Aliás, por causa disso, a blogueira perdeu o namorado fora do programa, o cantor Diogo Melim, da banda Melim.

Já o outro casal, Marcela e Daniel, não agradou o público. O comportamento distraído do gaúcho que constantemente era punido por não cumprir as regras da casa prejudicou a imagem de Marcela, que de fada sensata passou a ter a sua postura criticada fora do BBB.

Por outro lado, isso fortaleceu Felipe Prior, único que restou do grupo dos homens do Teste de Fidelidade, embora não tenha participado diretamente da ideia. Ao lado de Manu Gavassi, o arquiteto protagonizou o Paredão de 1,5 bilhão de votos, recorde mundial do Big Brother, e que mobilizou torcidas de futebol e de celebridades fora da casa -e colocou em lados opostos o ex-casal Neymar e Bruna Marquezine.

A amizade dele com o ator Babu Santana foi outro destaque da edição, mas não o suficiente para manter Prior na disputa. Prior e Manu, ao lado de Gizelly, participaram também do Quarto Branco, umas das poucas dinâmicas pensadas pelo diretor Boninho, que não teve o resultado esperado. A ideia é que os três ficassem três dias no espaço, mas a cantora decidiu apertar o botão vermelho horas depois de entrarem no lugar. Manu e Prior, no entanto, saíram fortalecidos da experiência ao estabelecerem uma improvável amizade que acabou pouco tempo depois.

Com uma história de vida forte, Babu foi um dos grandes protagonistas do jogo ao ser rejeitado dentro da casa e ir dez vezes ao Paredão (recorde do BBB), voltando em nove oportunidades -foi eliminado na última disputa contra Thelma e Rafa.

Mais velho entre os participantes com 40 anos, ele também deu lições. Logo no início, após a confusão do Teste de Fidelidade, ele mandou os outros brothers calarem a boca e escutarem as mulheres quando elas falavam de machismo.

Além disso, Babu e Thelma sofreram racismo velado no programa, o que alçou o tema a ser discutido fora da casa. Como forma de valorizar as suas raízes, Babu passou a usar um pente de garfo no cabelo. E chegou a comprar briga com Prior porque não iria votar em Thelma, com que dividiu desde o início uma grande afinidade pelo fato de serem os únicos negros entre os 20 participantes.

Agora, o programa chega à sua final sem brigas. A disputa é entre as três amigas Manu, Thelma e Rafa e suas torcidas, que serão decisivas para o resultado final. A vencedora desta edição histórica será conhecida após a exbição de “Fina Estampa”.

Rainha dos memes, Manu Gavassi soube como nenhum outro participante no BBB usar as redes sociais para alavancar a sua popularidade e os seus projetos profissionais. Antes de entrar no programa, ela deixou dezenas de vídeos que se encaixavam em situações vividas dentro do reality e conseguiu se tornar a verdadeira fada sensata do Big Brother.

Mais comedida no começo, Rafa Kalimann comprou a guerra das mulheres contra os homens, brigou com Bianca (as duas já não se davam bem desde antes do programa) e é dona de um dos grandes momentos desta edição, quando virou meme ao dizer para Flay: “Não gosto de você, não sinto verdade em você, acho você sim incoerente (…) Acho você uma falsa.”

Também mais tímida no começo, Thelma Assis é a única restante do grupo dos anônimos na final. Era muito amiga de Marcela e Gizelly, mas ao se sentir deixada de lado por ambas, se juntou a Rafa e Manu. Protagonizou uma briga feia com a Flay e conquistou a liderança mais difícil desta edição, ao ficar mais de 26 horas em uma prova de resistência.

Com o fim do BBB 20 nesta segunda, a Globo terá um problema: O que fazer para surpreender e superar esta edição em 2021?

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