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Do almoço popular de R$ 1 à dona de R$ 1,5 milhão: A reviravolta de Thelma

Por UOL

Thelma Regina Maria dos Santos Assis foi abandonada recém-nascida, “com fome e suja”. Adotada por dona Iara com apenas um mês de vida, ela cresceu num lar simples, mas cheio de amor, na periferia de São Paulo. Descobriu que não era filha biológica por acaso, após receber uma ligação anônima.

Quem conta a história é Denis Santos, marido da sister.

Ela tinha 12 anos, estava brincando na rua com os amiguinhos, aí tocou o telefone no orelhão, ela foi atender, a pessoa jogou: ‘Sabia que você é adotada?’. Ela ficou triste por um tempo, depois ficou agradecida. A mãe dela explicou que queria contar quando ela fizesse 18 anos.

A trajetória da médica anestesista transformada em campeã do “BBB 20” não foi fácil: do bandejão de R$ 1 na faculdade até vencer o prêmio de R$ 1,5 milhão, ela precisou ralar bastante. Desde a entrada na casa, Thelma evitou usar os sacrifícios pelos quais passou para se vitimizar. Pelo contrário, ela morre de orgulho de sua história de superação.

Luz cortada
A mãe trabalhava como secretária no Fórum e o pai era funcionário de uma gráfica. Dona Iara nunca deixou de acreditar na filha que, na época do vestibular, tentou quatro vezes passar para Medicina. Ela conseguiu bolsa de 50% em um cursinho e a mãe, na base do sacrifício, pagava a outra metade.

A família chegou a ter a luz de casa cortada porque Iara optou por não pagar a conta em dia para manter a filha estudando.

Ela é guerreira, não é fácil, ela foi abandonada, ralou muito. Imagina uma menina da periferia conseguir uma bolsa para estudar Medicina? Muita gente falou que ela não conseguiria porque Medicina é para quem tem dinheiro, falavam para ela virar técnica de enfermagem, mas ela não desistiu.

Thelma conseguiu uma bolsa de 100% na PUC, em Sorocaba, através do Prouni (Programa de Universidade Para Todos). Seu início na faculdade também não foi fácil, já que ela estudava em outra cidade e não tinha condições financeiras para arcar com as despesas do aluguel e alimentação apenas com a ajuda de custo de R$ 300.

Almoço de R$ 1
Para economizar, ela almoçava em um restaurante popular que servia refeições a R$ 1, vendia cerveja na república da faculdade e sempre tentava algum trabalho extra.

Ela comia no Bom Prato, tinha um do lado da faculdade e toda hora ela ia lá. Esse restaurante é mais para quem está desempregado, morador de rua. Ela passou muita dificuldade, ganhava essa bolsa de R$ 300, mas não dava, não tem como viver em outra cidade e comer com isso. Isso quando ela recebia em dia, né? Quantas vezes o governo não atrasou e ela ficava desesperada para pagar o aluguel.

Segundo o marido, Thelma dividia o aluguel de um apartamento com amigas e a mãe a ajudava quando podia. Denis conheceu a sister quando ela estava no terceiro ano da faculdade, quando trabalhava como mecânico, e dava apoio financeiro quando podia.

No desespero, ela já entregou panfleto, trabalhava o dia inteiro para ganhar R$ 50. Livros de Medicina são caros, ela nunca comprou porque não tinha dinheiro, virou ‘rata’ de biblioteca e ficou os seis anos tirando xerox.

Gratidão eterna à mãe
Thelma é muito grata à mãe por todo amor e apoio recebido ao longo da vida. Assim que se formou, ela pôde realizar vários sonhos com seus primeiros salários. Além de comprar um celular top de linha, comprou presentes para toda a família no primeiro Natal e fez algumas viagens.

Ela faz de tudo para a mãe dela, que é aposentada. Dá uma mesada, paga o aluguel no mesmo prédio que o nosso e as contas, além de seguro de vida e plano de saúde. Ela não junta dinheiro porque a gente vive viajando. A viagem top dela foi conhecer Paris e Vaticano com a mãe. Lá ela comeu croissant, passeou bastante, viu o Papa. Outra viagem que fiz com ela foi para a África do Sul, um sonho
Da bolacha no banco da praça ao croissant em Paris

A médica também fez questão de ajudar o marido. Denis trabalhava como mecânico quando os dois se conheceram e fez um curso de fotografia para se profissionalizar.

Ela não esquece de onde ela veio, isso dá a ela um senso de realidade. Até uns anos atrás, a gente comprava iogurte e bolacha recheada e ia para a praça comer porque a gente não tinha dinheiro nem para ir ao cinema. Alguns anos depois, ela está em Paris, tomando um café perto da Torre Eiffel com a mãe. Ela não é arrogante, sabe de onde ela veio.

Para isso, Thelma trabalhava em quatro hospitais e acordava todo dia às 5h antes de entrar para o “BBB”.

Passista e baladeira
Apaixonada por samba e Carnaval, Thelma é passista da Mocidade Alegre e adora balada.

Eu sou mais caseiro, levo e busco quando ela quer ir para a balada com as amigas. Ela adora o samba. Troca plantão que teria folga no final do ano para ter os dias de folga no Carnaval. Ela ama mais que tudo.

Orgulhoso da amada, foi o marido que inscreveu Thelma para participar do “BBB 20”.

Era o último dia de inscrições e ela estava de plantão, então eu que fiz.
Deu certo.

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