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Em colapso pelo coronavírus, Manaus enterra 1.249 em duas semanas e já teme falta de caixões

Por O GLOBO

A cena da vala comum, na qual caixões enfileirados lado a lado foram enterrados de uma só vez, lançou os holofotes para Manaus. Embora registre 207 mortes oficiais por Covid-19 desde o início da pandemia (81,2% do total de 255 mortes no Amazonas), a capital precisou deste recurso para minimizar o colapso causado pelo novo coronavírus no cemitério Tarumã. Mas a preocupação continua. Com o número de óbitos muito além do que as notificações apontam, a cidade já vê de perto o risco de um desabastecimento de urnas funerárias.

De acordo com a Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), que administra os cemitérios da cidade, 1.249 sepultamentos foram registrados nas últimas duas semanas, o que resulta numa média 89 a cada dia. Na última semana, os números são ainda mais impressionantes: foram 802 enterros, ou 114,5 a cada 24 horas.

Segundo a prefeitura, a média de sepultamentos antes da pandemia de Covid-19 era de menos de 30 por dia. O crescimento rápido pegou o setor funerário de surpresa. Agora, a preocupação é com o risco de faltarem caixões.

De acordo com o presidente da Associação de Empresas Funerárias do Estado do Amazonas, Manuel Viana, já foram encomendadas 2 mil urnas. No entanto, como não há fábricas na região (apenas uma montadora que consegue fornecer de 15 a 20 unidades por dia), elas são compradas de estados como São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Até chegar ao destino, passam dias percorrendo estradas e rios. A previsão é de que cheguem em junho.

– Com a média atual de mais de 100 óbitos por dia, em menos de um mês chegaremos aos 3 mil. Não temos estoque para isso –  afirma Viana. – Não sei se o que temos hoje dá para mais 10 dias.

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