O novo coronavírus já mostrou que não distingue as pessoas na hora da contaminação e o mundo do esporte não está ileso à pandemia. Atletas de alto nível como Paulo Dybala e Kevin Durant já contraíram a doença que, desta vez, chegou até um brasileiro. Bruno Baptista, piloto da Stock Car, passou oito dias na UTI em razão da covid-19.
Baptista completou 23 anos no dia 24 de março e, de ‘presente’, contraiu a doença que está causando milhares de mortes no mundo inteiro. “Eu não sei aonde eu peguei. Antes de pegar o vírus eu estava em isolamento no interior de São Paulo”, contou. “É difícil ficar 100% em isolamento, pois eu acho que a pessoa tem que sair pro supermercado, farmácia, e eu fiz essas coisas”.
“Eu não sei onde eu peguei, não dá pra saber. Ninguém próximo a mim estava com o coronavírus. Tem pessoas que são assintomáticas, que não demonstram os sintomas e talvez eu tive contato com essas pessoas”, contou o piloto. Segundo ele, o único momento em que saiu de casa foi para comprar medicamentos para parentes idosos.
Porém, mesmo sem saber onde teve contato com a covid-19, Baptista logo começou a apresentar os efeitos característicos de um resfriado comum. “Comecei com os sintomas de uma gripe normal: dor no corpo, um pouco de febre e coriza. Eu pensei que fosse uma gripe normal, pois estava em isolamento”.
“Não passava a minha febre, não parava a minha dor no corpo. A cada dia piorava um pouco. Até que um dia eu falei: ‘Vou pra casa, vou lá pra São Paulo. Não estou me sentindo legal'”, relatou o paulista.
Baptista conta que, quando decidiu ir a um hospital, foi diagnosticado com uma gripe comum e acabou voltando para casa com medicamentos mais “leves”. No atendimento, foi dito a ele que não poderia fazer um exame para o coronavírus pois estes estavam em falta e eram feitos apenas em pacientes com sintomas mais graves.
Seu quadro de saúde não melhorou e o piloto só passou a sentir a piora em seu fôlego e o aumento das suas dores do corpo. Decidiu então entrar em contato com um médico particular e de confiança, que o tratou com maior atenção. Após muitas queixas de falta de ar, o profissional da saúde então optou por realizar o teste do coronavírus, que acabou por acusar positivo. “Quando estava parado eu ia no banheiro, parecia que tinha corrido dez quilômetros”, relatou.
Ao chegar novamente no hospital, foi submetido a novos exames que detectaram broncopneumonia com vidro fosco, que já tinha comprometido 40% da sua capacidade respiratória. “Esse vidro fosco é o causador do coronavírus, que é aí que você identifica que o coronavírus está no pulmão”, explicou o piloto.
“Depois disso, meu emocional foi lá pra baixo. Começou isolamento, não paravam de fazer exames em mim. Médicos vinham e eu tomava um monte de remédio na veia. Eu tive que trocar o acesso na veia umas quatro, cinco vezes, pois os remédios que estavam me dando eram tão fortes que me machucava. Cheguei a tomar cinco antibióticos por dia”, relatou Baptista.
De todas as consequências que o novo coronavírus, o fator psicológico é tanto impactante quanto os problemas físicos. “Ficar em isolamento no hospital é a pior coisa que tem. Chegou uma hora que eu estava com medo de morrer. Eu pensava: ‘Eu sou novo, não sou grupo de risco e estou aqui com falta de ar’. Tinha dias lá que eu chorava muito. Meu emocional estava lá em baixo”.
Passados alguns dias na UTI do hospital Albert Einstein, em São Paulo, e sob constante observação, seu quadro de saúde começou a mostrar certa estabilidade. “Eu entrei no hospital e não piorei mais. Não precisei de oxigênio, eu consegui controlar a minha respiração. Ainda bem que eu fui pro hospital o quanto antes porque se eu tivesse ido um pouco mais tarde talvez a pneumonia tivesse atacado mais meu pulmão”, declarou o piloto.
“É muito difícil ficar lá no hospital. Todo mundo me tratou muito bem, os médicos, enfermeiros… Todo mundo com uma garra absurda. Todo mundo com vontade de curar as pessoas. Você também vê medo nas pessoas. Foi tenso. Foram dias tristes, em que eu tive pensamento de que ia morrer”, completou.