Falecido na madrugada da última segunda-feira (30), aos 71 anos de idade, o empresário paulista Luiz Carlos Camargo Negrisoli não foi bem sucedido apenas no ramo madeireiro, por meio do qual construiu sua vida profissional no Acre.
O acreano de coração estava também entre os maiores criadores legais de curiós do Brasil, tendo vencido diversos concursos nacionais de criação de pássaros. Luiz cuidava de aves por hobbie e, segundo a amiga de décadas, Adelaide de Fátima Oliveira, ele era o melhor amigo desses animais.
Apenas um dos seus mais de 300 curiós valia mais de R$ 7 mil no mercado legal de pássaros, sendo o mais caro do país. Conhecido como Gaiola Preta, a ave, que morreu em 2005, viveu quase 30 anos e é um dos curiós mais lendários do Brasil, conhecido até hoje entre os curiozeiros, como chamam os criadores da espécie.
O pássaro era famoso pelo seu tamanho e vigor reprodutivo. Deixou vários descendentes e seu DNA ainda é objeto de desejo de muitos amantes de pássaros no país. O bicho pertencia, inicialmente, a um senhor que vivia na cidade de Botucatu, no interior de São Paulo, e foi adquirido pelo seu Luiz Negrisoli anos mais tarde.
“Quando eu o conheci ele já criava curiós. Na verdade, o que ele tinha era uma verdadeira maternidade de pássaros em casa, com estufas e gaiolas especiais. Tudo isso por puro amor. Uma pessoa extraordinária que deixou um legado incrível para sua família e amigos”, disse Adelaide.
Os animais vivem em uma parte alta da área de trás da residência do empresário. Música clássica era tocada com certa frequência para acalmar e harmonizar o canto dos bichos. O homem acordava diariamente às 4h30 da manhã para alimentar e conversar com as aves. Havia, ainda, uma pessoa responsável só por cuidar dos animais.
Pouco depois de sua morte por infarto, os pássaros cantaram incansavelmente por várias horas seguidas até o momento de seu velório, que aconteceu no Morada da Paz, no fim da tarde da segunda-feira.
O filho de Negrisoli, também chamado Luiz, conta que o pai começou, inicialmente, a criar canários. “Ele começou com essa criação aos 18 anos. Lá pelos 25 conheceu os curiós e nunca mais parou de cuidar desses animais”, lembra.