Habitada inicialmente por Iauanauás e os Catuquinas-pano, ambos povos Pano (ou Nawa), que atualmente habitam a Área Indígena Rio Gregório, Tarauacá completa nesta sexta-feira (24) 107 de fundação e emancipação política.
O 4º município mais populoso do Acre é conhecido atualmente por ser a “a terra do abacaxi gigante”.
Tradicionalmente, a prefeitura organiza anualmente uma grande festa para a comemoração dos munícipes, o que não acontecerá neste ano, por conta da pandemia do coronavírus.
Embora no município ainda não tenha nenhum caso diagnosticado até o momento, de acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), o decreto assinado pela prefeita Marilete Vitorino, que proíbia a entrada de pessoas que não sejam de lá, para evitar possíveis contaminações, foi derrubado pela justiça – o que gerou muita repercussão entre os moradores.
Ao ContilNet, a vereadora do município, Nerimar Cornélia de Jesus Lima, a “Veinha” (PDT), parabenizou sua cidade natal, mas disse que neste ano a população está apavorada e sem o que comemorar.
“Neste momento em que o mundo parou com a proliferação do coronavírus, passamos a viver momentos diferentes e inimagináveis. O decreto de fechamento da entrada foi derrubado pela justiça, que não pensou no risco que estamos correndo. Não temos o que comemorar. Pelo contrário, estamos apavorados e com muito medo. Neste ano não tem desfile, evento, bolo ou festa, mas muito medo e pavor”, comentou.
O habeas corpus coletivo nº. 1002510-24.2020.4.01.3000, ajuizado perante a 2ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária da Justiça Federal no Acre, por um grupo de advogados, na segunda-feira (20) fez com que o magistrado concedesse medida liminar (provisória), afirmando que “seja assegurada a qualquer pessoa, notadamente os profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, o seu direito de ir e vir dentro e fora do perímetro que compreende o município de Tarauacá”.
“O aniversário mais inusitado de todos os outros. Não pensaram na população, que está com medo, quando derrubaram o decreto. Temos que confiar somente em Deus mesmo, que é quem pode nos guardar”, finalizou a parlamentar.
Na página oficial do município, a prefeitura repudiou a decisão.
História de Tarauacá
O município de Tarauacá originou-se do Seringal Foz do Muru, que foi criado na confluência do Rio Tarauacá com o Rio Muru, transformando-se em povoado com o passar do tempo. Fundado em 1º de outubro de 1907, por Antônio Antunes de Alencar, o povoado foi transformado em vila e batizado de “Seabra”. Obteve sua autonomia através do Decreto Federal 9 831, de 23 de outubro de 1912, tornando-se, então, município.
Limita-se ao norte com o estado do Amazonas; ao sul, com o município de Jordão; a leste, com o município de Feijó; a oeste, com os municípios de Cruzeiro do Sul e Porto Walter e, a sudoeste, com o município de Marechal Thaumaturgo. Área de 16 120,5 km², equivalendo a 10,53% da área total do estado, possuindo, entre os demais municípios, a terceira maior área territorial.
Tarauacá é o segundo município do Acre em concentração de terras indígenas, com oito áreas, equivalendo a 9,8% deste município. Esses povos vivem em 30 aldeias, com aproximadamente 1 639 pessoas.
O município de Tarauacá se tornou famoso no Brasil e no mundo após o programa Globo Repórter exibir uma matéria sobre as “Riquezas Amazônicas” que foi ao ar em 08 de dezembro de 2006. A reportagem mostra que além de produzir uma espécie de abacaxi gigante, também comprova que uma combinação de ervas que só existem na região, é capaz de fazer crescer cabelo em quem tem calvície. Carlos Pinto da Silva, o seringueiro que se virou cientista ao desenvolver o “Shampoo Esperança”, diz que jamais revelará o segredo da sua fórmula milagrosa, tão cobiçada pelas indústrias de cosméticos.