Levantamento mineiro revela que o Acre é o terceiro estado que mais testa seus habitantes para Covid-19, atrás apenas do Amapá e do Espírito Santo. No Acre, já foram feitos mais de 350 testes para cada 100 mil habitantes, enquanto que para efeito de comparação, o Mato Grosso só testou 62,5 pessoas para a mesma centena.
A conclusão é de cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com base em informações das secretarias de saúde estaduais de todo o país referentes ao período entre janeiro e a primeira semana de maio.
Os pesquisadores da Força-Tarefa da Covid-19, da Faculdade de Medicina da UFMG, levantaram, por exemplo, que enquanto Minas Gerais testou apenas 47,8 pessoas a cada 100 mil habitantes, no Acre esse índice foi de 358,8 pessoas testadas.
O cenário do Acre, visto como muito positivo pelas autoridades em saúde que lidam com a pandemia no país, permite que o governo local, por meio da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), saiba, como poucos estados, onde se concentra o maior número de casos da doença, podendo traçar medidas para conter a expansão do coronavírus.
O estudo foi entregue nesta semana às autoridades governamentais mineiras como alerta de que a flexibilização ao isolamento social, no momento em que o estado se encontra, sem um diagnóstico real de quantos são os infectados, pode ser muito perigoso para acarretar a expansão da Covid-19 no estado.
Nas testagens, o estado do Acre fica atrás apenas do Amapá, cujo índice é de 486,1 pessoas testadas a cada 100 mil habitantes, e do Espírito Santo, com 376,5 pessoas submetidas a testes, a cada 100 mil.
Para a médica Claudia Regina Lindgren Alves, que integra a equipe da Força-Tarefa da Covid-19 na UFMG, números como o do Acre permitem, por exemplo, que as autoridades em Saúde possam planejar onde devem investir mais em medidas de prevenção e de combate à doença, e onde podem pensar na flexibilização, com abertura gradual de comércios e outros serviços em situações futuras.
O entendimento da pesquisadora é de que o afrouxamento das medidas de isolamento pelo governador mineiro Romeu Zema (Novo), nesta semana, poderá prejudicar ainda mais o combate à doença. Minas Gerais ocupa o nono lugar em números de testagens, com apenas 47,8 pessoas a cada 100 mil habitantes, ou seja, dez vezes menor que o primeiro da lista.
“Nós, de Minas, estamos testando apenas as pessoas em estado grave e os nossos profissionais de Saúde. De modo, que fora isso, não temos nenhuma informação adicional a mais sobre como está a situação da nossa população. E isso é muito ruim”, lamenta Lindgren Alves.
Conforme o secretário de Estado de Saúde do Acre, Alysson Bestene, os números refletem o trabalho árduo, mas necessário, de todos os técnicos da pasta engajados em realizar a testagem do maior número de pessoas possível.
“É claro, que uma vez ou outra, temos que reduzir as testagens por estoque baixo algumas vezes, isso não é nenhum segredo para ninguém, mas a verdade é que nos preocupamos muito em testar as pessoas e reitero que temos também um grande trunfo que é o trabalho do Laboratório Rodolphe Mérieux e mais recentemente, do Laboratório Central de Saúde Pública, o Lacen, instituições que produzem esses exames”, afirma Bestene.
Os boletins epidemiológicos diários e outros recursos de informação da Sesacre à imprensa e à população também permitem saber, claramente, o número de testados, de casos descartados, positivos e em análise, entre outros dados importantes, fazendo com que o Acre ficasse em segundo lugar no país no ranking da transparência para o combate da pandemia no Brasil.