Bicampeã olímpica, Fabiana explica volta à Seleção e espera por Jogos de 2021

No dia 28 de junho de 2019, a Confederação Brasileira de Vôlei anunciou a convocação de mais três atletas para compor a Seleção feminina nas disputas do Pré-Olímpico, Campeonato Sul-Americano e Copa do Mundo. O maior destaque ficou para o nome da central bicampeã olímpica Fabiana, até então aposentada da equipe nacional. O seu retorno foi festejado e alimentou rumores da volta para a disputa dos Jogos Olímpicos, inicialmente marcados para julho deste ano.

Após a derrota para a China, por 3 a 2, que eliminou o Brasil das Olimpíadas de 2016, em pleno Rio de Janeiro, a meio de rede havia anunciado sua aposentadoria defendendo o país. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Fabiana revelou os motivos que pesaram na decisão do afastamento.

“Foi muito triste. Deixar a competição daquela forma foi arrasador, porque sabíamos que dava para estar no pódio. Desanimei. Sem contar que eu queria ter minha vida particular, estar mais próxima da minha família, do meu esposo. Chega uma hora que nossos pensamentos começam a mudar, queremos realizar outros sonhos além do esporte. Quis dar um tempo”, declarou.

A Seleção Brasileira fazia parte da vida de Fabiana desde os primeiros passos na carreira. Com 15 anos, a mineira de Santa Luzia já defendia o Minas Tênis Clube e colecionava convocações para a base brasileira e pela seleção de Minas Gerais. Não seria fácil colocar ponto final em uma história de mais de uma década.

A eliminação dos Jogos do Rio colocou fim à geração vitoriosa do vôlei feminino brasileiro. A reconstrução não seria fácil. Seria necessária a mescla de jovens talentos com a experiência.

“Lembro bem quando a Fofão e a Walewska se aposentaram e voltaram, todos ficaram muito felizes. Tínhamos um parâmetro na nossa frente. A minha volta poderia ser importante, às vezes dando um conselho, uma palavra de conforto. Sei o quanto isso é necessário para a jovem”, comentou Fabiana.

Aos poucos, Fabizona, como é carinhosamente chamada a jogadora de 1,94m, sinalizava a vontade de voltar a vestir a camisa amarela. Foi com José Roberto Guimarães, um conhecido de longa data para Fabiana, que seu desejo se tornou realidade.

“Quando eu parei, percebi que minha vida inteira foi aquilo, vestindo a camisa da Seleção. Ainda sou apaixonada por isso. Quando o Zé me chamou, pensei: ‘por que não ajudar, né?’ Ainda mais nesse projeto de renovação, sabia o quanto era fundamental, já passei por isso lá atrás e sei o quanto eu posso ser importante para as outras meninas”, contou.

O retorno, contudo, teve um toque de dramaticidade. A central teve uma inflamação na fáscia plantar do pé direito e não conseguiu desempenhar seu melhor voleibol. Faltava algo a mais. Uma Olimpíada batendo na porta colocava a dúvida no ar.

Jogando no Hisamitsu Springs, do Japão, Fabiana fazia um trabalho voltado para os Jogos Olímpicos deste ano, em especial na parte física. Mas, a pandemia do novo coronavírus pode colocar por água abaixo toda uma preparação.

“Quando se fala de Seleção, mexe com a gente, Olimpíada ainda… Eu esperava estar no grupo este ano, queria muito. Saí o ano passado pensando nisso, ter o foco de estar bem e conseguir ajudar. Entendo que é a melhor medida, mas dá tristeza. Um ano na vida de um atleta muda muita coisa”, disse em tom ameno.

Apesar das incertezas e dos impactos que a pausa forçada vai causar, a disputa de uma quarta edição de Olimpíada não está descartada.

“Não tenho nada certo, nada decidido. Vou deixar rolar e tenho certeza que tudo vai dar certo”, afirmou.

Dona de dois ouros olímpicos (2008 e 2012), sete Grand Prix (2004, 2006, 2008, 2009, 2013, 2014 e 2016), duas Copas dos Campeões (2005 e 2013) e um ouro pan-americano (2011), Fabiana é uma das maiores atletas e mais vitoriosas da história do esporte.

“Se me considero uma das maiores? Com certeza. Se eu não considerar, quem vai?”, finalizou.

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