O Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) do Acre noticiou, semana passada, que presos e familiares têm trocado cartas para aliviar a saudade causada pela suspensão das visitas. Porém, essa não é a realidade de todas as unidades prisionais do estado. Parentes de detentos do presídio Moacir Prado, em Tarauacá, estão há mais de 50 dias sem notícias de seus entes.
Mães, avós e esposas denunciam que a troca de cartas propagada pelo órgão para “amenizar a aflição e a ansiedade” não acontecem no presídio, que abriga também pessoas de cidades vizinhas, especialmente Feijó, que tem cerca de 250 cumprindo pena na unidade.
E, devido à distância, são os familiares de outros municípios os que mais sofrem com a situação. Moradora de Feijó, a mãe de um apenado, que não quis se identificar, afirma que não tem uma notícia sequer do filho desde que o presídio fechou para visitas como forma de evitar contaminação pelo coronavírus entre os presos, que vivem aglomerados em celas.
“Não apenas eu, mas muitas outras mães e esposas não sabemos como nossos entes estão, se precisam de alguma coisa e como se sentem e são tratados. Só quando um preso é libertado que a gente consegue informações lá de dentro”, lamenta a mulher.
Ela explica que ao entrarem em contato com as assistentes sociais, são informadas que as cartas estão proibidas pela direção da unidade e que a comunicação só é permita em casos essenciais. “O presidente do Iapen diz uma coisa e o diretor do presídio, outra”, afirma, referindo-se à divulgação oficial sobre a possibilidade da troca de bilhetes.
Procurado pela reportagem, o Iapen reconheceu que a unidade de Tarauacá não adotou, por falta de estrutura, esse tipo de comunicação entre família e apenados. No entanto, informou que desde o ano passado há um número de telefone que possibilita a troca de notícias entre as partes. Porém, o canal só é utilizado em caso de extrema necessidade, como para comunicar problemas de saúde, por exemplo. Disse, ainda, que o envio de produtos como remédio e alimentos não perecíveis por parte das famílias acontecem normalmente.
“Os presos estão cientes de que os atendimentos estão sendo feitos. Estive com eles e expliquei que muitos familiares têm ligado. Falei que se alguém de fora quiser passar uma informação bastante relevante a gente vai chamar e informar. A gente tem também o histórico de presos doentes, internados ou precisando de remédio. Quem se enquadrar nesses casos, a gente liga pra família e avisa”, esclareceu o diretor Claudecir Sousa.
O número de telefone para notícias sobre os apenados do presídio Moacir Prado é (68) 99227-4020. No entanto, a comunicação não será feita diretamente com o preso. No momento, não há previsão para a troca de cartas na unidade prisional.