Os estádios de futebol e as salas de cinema foram fechados em São Paulo em meados de março, mas os torcedores e os fãs de filmes não estão completamente órfãos de atrações culturais e esportivas. Afinal, desde que as medidas de isolamento social foram adotadas no Estado, os sábados, a partir das 21 horas, se tornaram o momento de reencontro dessas duas paixões: é nesse horário, afinal, que o Museu do Futebol tem promovido as sessões semanais do programa “Cinema na Rede”.
A iniciativa terá neste sábado a 11.ª edição, essa dedicada a momentos históricos do Atlético Mineiro, com as exibições de “Quando se Sonha Tão Grande, a Realidade Aprende”, focado no pênalti defendido por Victor contra o Tijuana, nas quartas de final da Copa Libertadores de 2013, e “O Imortal do Gelo”, sobre a excursão do clube pela Europa em 1950.
Com o anúncio da quarentena, o Museu do Futebol se movimentou rapidamente para viabilizar a iniciativa e colocá-la em prática, como parte de uma campanha, denominada Cultura Em Casa, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do governo estadual, com o intuito de proporcionar alternativas de lazer para a população. E para realizar as sessões, vem tendo apoio da Federação Paulista de Futebol, do Acervo da Bola e do Cinefoot.
Desde então, as sessões têm passado por diferentes temáticas, como a história de alguns clubes, como o Guarani, de ídolos históricos, como Ivair, da Portuguesa, e Dicá, da Ponte Preta, Afonsinho e Paulo Cesar Caju, ou de clubes menores, como o Guarulhos e a tentativa de deixar a última divisão do futebol paulista. Com a variedade, a premissa básica era de que o filme só esteja disponível online no momento de realização da sessão.
“É pensado mesmo como um evento, em um horário que as pessoas costumavam sair, para ir ao cinema. E que você possa ver em conjunto com outras pessoas. A exibição fica o tempo todo com o chat aberto, com as pessoas conversando, então se tornou um evento social à distância”, afirma, ao Estado, Daniela Alfonsi, diretora técnica do Museu do Futebol.
Nas dez primeiras sessões, a média de pessoas assistindo no mesmo momento variou entre 400 e 500. Além disso, de acordo com Daniela, o alcance total das atividades foi de 280 mil pessoas. E a maior audiência se deu em uma sessão de um filme ligado a um clube de fora de São Paulo, o “Bahêa Minha Vida”, sobre a história do tradicional time de Salvador, expandindo o público do museu. “Conseguimos alcançar pessoas que estão distantes, que talvez nem soubessem que o Museu do Futebol existisse”, comenta Daniela.
A diversidade nos temas fica claro com as temáticas que serão abordadas nos dois primeiros sábados de junho. No dia 6, passará “Tigre de Americana, uma paixão centenária”, sobre a história do Rio Branco-SP. Depois, o homenageado será o futebol do Recife, com três curtas: “2008, O Ano que o Sport Ganhou o Brasil”, “Ademir Menezes – Um Artilheiro no Meu Coração” e “Um Time, 11 Judeus”. “O futebol está em todos os lugares e a paixão está nisso, nesse engajamento local”, diz Daniela.
Ainda que não esteja claro quando o museu poderá ser reaberto, ainda mais com o estádio do Pacaembu abrigando um hospital de campanha, e com quais restrições, que certamente demandarão adaptações, ainda mais por se tratar de uma instalação bastante interativa. Mas a tendência é que a iniciativa de exibições de filmes online prossiga mesmo com o local voltando a ter as suas portas abertas. “Esse é um exemplo de uma ação digital que não precisa parar e tem tudo para ficar após a pandemia”, conclui Daniela, destacando que a crise do coronavírus levou o museu a expandir as suas ações digitais, o que se tornará um legado.
Confira os endereços de exibição dos filmes:
https://www.youtube.com/user/museudofutebolspaulo/
https://www.facebook.com/museudofutebol/
https://www.facebook.com/CINEfoot/
https://www.facebook.com/futebolpaulista/
https://www.facebook.com/acervodabola/