O isolamento social, medida de saúde pública necessária e importante para prevenir a proliferação do vírus do covid-19, também pode servir como momento de criação. É o que a Cia Fluxo de Dança pretende mostrar com o novo projeto “Lockdown”, lançado neste domingo (7). Com a participação de 9 artistas do grupo, as imagens e textos refletem a busca pelo movimento e pela dança em novas situações de convívio. O vídeo, com cerca de 8 minutos, está disponível no perfil do Instagram @fluxociadedanca.
O nome lockdown (em inglês, que significa confinamento) foi o termo adotado para nomear medidas mais severas de isolamento social e serviu de base para o projeto. A ideia, do coreógrafo Dheyvison Bruno, foi uma alternativa para manter o grupo ativo e instigar o elenco a usar suas inquietações, aflições e alívios neste momento que tem sido desafiador e lamentável para muitas pessoas. O confinamento em casa que, a princípio, interrompeu várias atividades e encontros se tornou a inspiração para a arte.
“Como tivemos os trabalhos pausados, este foi um meio de continuar os trabalhos dentro de casa, de uma forma mais simples, mas que não perdesse seu valor. É uma forma de continuarmos estudando, pesquisando e buscando maneiras diferentes de dançar e pensar sobre dança”, explica Dheyvison.
Respeitando e apoiando a quarentena, os artistas gravaram as cenas em casa, com o próprio celular, dentro das possibilidades de cada um. Incialmente, o grupo elegeu sentimentos em comum deste período (como ansiedade, insônia, libido e gula) e partir de então, cada integrante realizou os próprios registros a partir de suas sensações. O processo, de cerca de um mês, resultou em momentos poéticos e expressivos sobre as reflexões e situações de cada um.
Para Henrique Queiroz, um dos participantes, o projeto foi importante para sua experiência artística e aponta o trabalho como uma forma de redescobrimento e inovação, pontos que, para ele, são necessários e essenciais para um artista.
“O mais desafiador foi ver o ambiente da minha casa como um ambiente de criação artística. Tive que pensar o que eu poderia fazer no meu quarto, no banheiro, na cozinha que trouxesse um ar artístico e que transmitisse algo para o público. Antes de iniciar o processo eu nunca pensaria em fazer vídeos assim para as redes sociais. É muito satisfatório saber que nosso grupo continua produzindo mesmo distantes”, destaca Queiroz.
A produção e montagem foram de Dheyvison Bruno e Daniel Scarcello, com a edição de Luan Martins (Emoções Fotografias). As imagens e performances foram realizadas por Alice Loureto, Débora Brilhante, Daniel Aryton, Henrique Queiroz, Elias Silva, Marina Luckner, e Jully Araújo. Os textos e áudios foram escritos e gravados por Daniel Scarcello e Henrique Queiroz. A arte gráfica do projeto ficou por conta da artista visual Larissa Evelin (Mokabr).
Cia Fluxo de Dança
A companhia acreana surgiu em 2018 com o intuito de somar a cena da dança na região e trazer outras perspectivas artísticas. Em 2018 o grupo já estreou seu primeiro espetáculo “O Boto”, inspirado na lenda amazônica do boto cor de rosa além de realizar a I Mostra de Dança de Capixaba, incentivando a dança no interior do estado. Em 2019, a Fluxo realizou o projeto visual “Os Quatro Elementos”, também disponível no Instagram.