Cinco membros do PSL no Acre já pediram desfiliação do partido antes mesmo de o vice-governador Wherles Rocha (PSDB) decidir se migra ou não para a sigla, em uma negociação que mantém diretamente com a direção nacional da legenda.
No entanto, o presidente da executiva regional, Pedro Valério, informou que conversou com os descontentes e os convenceu a aguardar e decisão de Rocha, que deve ser tomada até quarta-feira (1º) da semana que vem.
“Só em saber da possível filiação do vice-governador já tivemos esses pedidos de afastamento. Se ele vier para o partido, com certeza muito mais gente vai cair fora”, disse o dirigente.
Questionado sobre se seria um deles, Valério respondeu: “Não vou desistir do meu partido facilmente. Fico até onde der”. A rejeição à filiação do vice-governador foi unânime entre os mais de 200 membros do partido, segundo o presidente.
Valério explicou que não é questão pessoal, mas de princípios ideológicos. “Conversei com Rocha e cheguei a dizer que sua filiação seria uma honra. O problema não é ele, mas os desdobramentos dessa migração”.
O PSL local teme que o ex-militar leve o partido a uma aliança com o PSDB, que tem como pré-candidato a prefeito de Rio Branco o ex-presidente do PT e ex-candidato a senador pela Rede Sustentabilidade, Minoru Kinpara.
“Somos um partido liberal e conservador. Minoru é uma boa pessoa, mas sua trajetória política é toda na esquerda. Ele diz que não tem mais viés comunista. Isso pode até ser verdade, mas as pessoas não aceitam isso com facilidade porque sabem que essa transição não é tão rápida assim”.
Valério teme ainda que o PSL se torne um “puxadinho” do PSDB e passe a servir aos interesses dos tucanos, tendo que retirar suas pré-candidaturas já postas em vários municípios, entre elas na capital. “São inúmeros fatores”.
“Antes, no Acre, o PSL era uma legenda de aluguel. Hoje somos absolutamente independentes e ideológicos. Podemos fazer alianças sim, mas não seria jamais pela esquerda”.
90% de certeza
Major Rocha disse, na quarta-feira (24), que há 90% de chance de migrar para o partido. Afirmou, na mesma ocasião, antes de o PSL local se manifestar contra sua filiação, que uma possível rejeição por parte da executiva estadual não impediria sua ida.
“Ficaria um clima que nós não queríamos, mas isso não vai impedir que a gente vá para o partido e dê um novo rumo para ele. Queremos tirar o PSL do limbo e colocá-lo em pé de igualdade com os outros partidos. A intenção não é dividir ou espatifar, mas juntar. Muitos dos que me acompanham vão migrar também”.
Se decidir pela filiação, o ato será imediato. As tratativas de Rocha acontecem com o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar. O vice-governador afirma que foi convidado pelo dirigente, mas a direção local da sigla diz que o ex-militar foi quem procurou Bivar para oferecer se nome.
Se o plano der certo, o PSL ganha, automaticamente, o vice-governo no Acre, uma importância que nunca teve no estado. Em troca, o PSDB recebe um aliado, mais tempo no horário eleitoral e uma fatia maior de recurso para a campanha da chapa encabeçada pelo seu candidato.