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Artigo: O boi nosso de cada dia

Por JOSÉ ADRIANO*

São mais de mil empregos diretos. Um setor que representa um percentual significativo na totalidade de produtos exportados pelo Acre. No entanto, considerando o alto índice de ociosidade, que passa dos 74% em indústrias e matadouros habilitados com Inspeção Estadual e Municipal e dos 39% nas empresas habilitadas com Inspeção Federal (SIF), não há dúvidas de que o segmento poderia dobrar, triplicar o seu abate e, sobretudo, empregar uma quantidade muito maior de trabalhadores.

Embora tenha a fama de produzir uma das melhores carnes bovinas do país, o Acre vem sofrendo sucessivas reduções no número de abates desde 2016. Naquele ano, foram 453.595 mil animais, número que despencou para 427.053 no ano seguinte. Seguindo a tendência de queda, em 2019 foram abatidos 416.498 mil bovinos. Os dados são do IBGE e Idaf. E considerando os números do primeiro semestre de 2020, a estimativa é de que neste ano tenhamos um novo recorde negativo em abates: somente 407.622 mil gados.

São números intrigantes e que geram discussões e questionamentos por parte de todos os atores que atuam diretamente nas indústrias de frigoríficos e matadouros do Acre. Um dos assuntos mais tratados gira em torno do preço da arrouba do boi. Muitos argumentam que é necessário evitar a saída maciça de bezerros para outras regiões do país para frear o aumento no preço da carne para o consumidor local.

Seguindo essa linha de raciocínio, há quem faça uma previsão absolutamente preocupante de que pode até haver um desabastecimento de carne no estado pelo fato de os frigoríficos aqui instalados perderem muito cedo seus bezerros e não conseguirem esperar até que esses animais estejam no período de abate.

E é justamente por estar atento a todas essas questões e por buscar alternativas para que esse segmento do setor produtivo volte a apresentar resultados condizentes com sua importância para o desenvolvimento do Acre é que o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos e Matadouros do Estado (Sindicarnes/AC) tem trabalhado, juntamente com alguns parceiros, na elaboração de um panorama detalhado sobre esse ramo no Acre.

Certamente esse verdadeiro raio-x, formatado com apoio do Fórum Permanente de Desenvolvimento do Acre e da Federação das Indústrias (FIEAC), serve como um norte, um ponto de partida para quem está à frente desses empreendimentos ter condições de manter seus negócios de portas abertas, bem como para os gestores públicos e autoridades, que podem e devem se basear por essas informações preciosas para a tomada de decisões que contribuam para implementação de medidas que fortaleçam nossos frigoríficos e matadouros – responsáveis diretos por tantos empregos.

E a população em geral, que é quem está na ponta, isto é, que é prejudicada ou beneficiada com as variações no preço desses produtos, também poderá acessar todas essas informações e se planejar da melhor forma possível para consumir, ou não, o boi nosso de cada dia.

* José Adriano é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC)

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